Mostrando postagens com marcador mistificação. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador mistificação. Mostrar todas as postagens

domingo, julho 13, 2014

A MISTIFICAÇÃO NOSSA DE CADA DIA E O ESTOURO DE UM TERREIRO - PARTE III

Imagine que está em uma Casa de Culto e começa a gíra de Exus. 

O dirigente incorpora aquela que deveria ser a entidade que comanda os trabalhos, que saúda o congá, corrente, a assistência e, logo depois, se dirige a uma senhora e se ajoelha aos pés dela em reverência.

Esta cena acontece cotidianamente em um Terreiro de uma cidade do interior do Rio de Janeiro. 


Vamos lembrar que é comum no meio dos Cultos Afro-brasileiros a demonstração de respeito aos Bàbálòrìsàs e às Yálorísás, com o pedido de benção, com o dobalé, etc, no entanto ENTIDADES não se prostam ou ajoelham diante de ninguém, ainda mais se tratando de Exus.
Como tratei em outros artigos, há uma verdadeira dominação e controle de ditos "pais e mães-de-santo" aos membros da corrente e até mesmo da assistência. 

Já me chegaram relatos de filhos-de-santo que são agredidos fisicamente pelos seus "pais" como castigo a alguma falta. Outros nos dão conta de servidão doméstica de yaós, obrigados a fazer às vezes de faxineiros não somente na Casa de Santo, mas também na residência do dirigente. E nem vamos comentar a servidão sexual que alguns se submetem, pois já demos uma pincelada no assunto.


Alguns médiuns, como é o caso de João de Abadiânia, chegam ao ponto de utilizarem cadeiras que mais parecem tronos, instalados em uma espécie de plataforma que o mantém em um nível superior dos demais. Outros que querem fazer crer que são antigos condutores da humanidade, se auto-intitulam de toda forma, desde "yamunishida", "hierofante", além de outros de origem africana, exigem cega obediência de seus seguidores e muitas vezes é mais cultuado do que os próprios Òrisás.

Vamos entender de uma vez por todas que fazer parte de uma comunidade religiosa, seja Terreiro, Caso de Culto, Templo ou a denominação que queira se dar, não é um contrato de escravidão e submissão ao dirigente. Se há alguma submissão é aos Òrisás, Guias e Protetores, sendo que o dirigente da Casa de Culto é mero  facilitador e orientador para tanto. 

Não mesmo comum é o favorecimento por parte não somente do dirigente do Terreiro, mas também das ditas entidades que o assistem, às pessoas que colaboram financeiramente com a Casa, que se relacionam afetivamente com pessoas ligadas ao seu alto escalão, dentre outras coisas. A igualdade tão pregada pelas Entidades, neste caso, não existe.

Em minhas andanças por este país afora, não vi de tudo (ou quase) nesta "Umbanda de Todos Nós" mas de algum tempo para cá tenho me deparado com relatos absurdos, coisas próprias de gente doente, como práticas ditas "umbandistas", havendo uma ênfase muito grande para a exploração sexual e financeira de frequentadores e membros da corrente. 

É claro que muito do que acontece é com a condescendência das próprias pessoas. Muita gente se submete a determinadas situações para ficar mais próxima ao que acreditam ser "Poder" e, claro, se beneficiarem com isto. 

Um caso que conheço é de um empresário de São Paulo que deixava, de bom grado, que o "sacerdote" do Terreiro que frequentava desfrutasse dos favores de sua esposa.

Outro que deu uma "salva" de 400 mil reais ao mesmo "sacerdote" para que resolvesse determinada demanda judicial, caso que qualquer acadêmico do 1º ano do curso de Direito saberia dizer que, com ou sem intervenção magística, seria de vitória fácil.

Não se enganem: por detrás da pele de ovelha, em geral, está o lobo.

Na sequência, vamos dissertar sobre como a má gerência de uma Casa de Culto pode trazer consequências espirituais graves a todos os envolvidos.


quinta-feira, julho 10, 2014

A MISTIFICAÇÃO NOSSA DE CADA DIA E O ESTOURO DE UM TERREIRO - PARTE II

Há alguns anos surgiu no meio umbandista uma tendência forte ao tantrismo¹ onde alguns se disseram "mestres tantras curadores" e outros encheram as páginas dos seus livros de "exus" sexualmente bem dotados e "pomba-gíras" devassas e que necessitavam do "poderoso negativo" de sua contraparte masculina para reacender seu "àsé". Aliás, nesta obra em particular, a cada duas páginas havia a descrição de relações sexuais entre "exus".

Bastou que eu fechasse a postagem de ontem informando que não sequência falaria de sexualidade e moralidade dentro dos Terreiros e minha caixa de mensagens ficou repleta de "causos" (em bom "mineirês") sobre as mais diversas patifarias envolvendo "entidades" e sexo.

Os relatos começam com orgias em rituais específicos, onde somente os "cabeças" do Terreiros são chamados e as mais belas médiuns escolhidas para beber do "néctar tântrico", assim como ver de perto a "vara tântrica", passando por "pomba-giras" que ao final da sessão, escolhe entre a assistência quem se deitará com ela. Um famoso "pai de santo" no sul do país, sempre se dispõe a colher o "àsé branco" de jovens e vigorosos "filhos".

Extremos à parte, não é incomum que dirigentes e médiuns mal intencionados utilizem da suposta mediunidade para conseguir favores sexuais. Já vi "entidades" que disseram à jovem assistente que ela e o seu médium tinham uma "dívida kármica" a ser paga e por isto deveriam manter relações sexuais.  
A grande questão não é o envolvimento afetivo-sexual entre os membros de um Casa de Culto. Onde há pessoas, haverão relacionamentos, sem nenhuma dúvida. A grande questão é como estas relações nascem e principalmente como elas se desenvolvem. 

As entidades espirituais tem muito o que fazer e se preocupar para servirem de cupidos alcoviteiros. Não cabe à elas ficarem alertando sobre ligações kármicas e interferindo no livre-arbítrio e na liberdade afetiva-sexual dos médiuns. Se realmente o médium "X" tiver algo a viver com a médium "Y" (claro, que sem descartar eventuais relações homoafetivas que possam surgir) isto acontecerá naturalmente, sem a interferência do mundo espiritual.

Em algumas Casas de Culto é proibido o envolvimento entre os médiuns e entre estes e os frequentadores. Em minha opinião, além de inócua, visto que as pessoas passam a maior parte do tempo fora do ambiente do Terreiro e o que fazem fora dali não diz respeito ao dirigente, é invasiva já que não cabe a nenhuma instituição interferir na vida pessoal de seus membros.

Mais do que as questões envolvendo a afetividade dentro do ambiente de Terreiro, havemos, dirigentes, médiuns e assistência, de nos atentarmos à outros fatores que podem interferir não somente na harmonia da Casa, mas também em seus trabalhos.

A moralidade não está, obviamente, ligada somente a questão sexual. Não raramente questões envolvendo dinheiro, fofocas, ciúmes e outros assuntos levam a conflitos e dissidências dentro da Casa. Em meus 28 anos de Umbanda, já vi Terreiros fecharem por conta de dívidas entre médiuns, má gestão dos recursos financeiros da instituição, favorecimentos, dentre outras coisas que são facilmente evitáveis.  

Por fim, quero lembrar que não cabe nenhum tipo de preconceito dentro da
Casa de Culto, em especial no que diz respeito a homoafetividade. É uma fato histórico que as Casas de Santo sempre acolheram homossexuais em seu seio, sem nenhum tipo de restrição. Hoje sinto-me envergonhado ao ver alguns que se dizem umbandistas e candomblecistas destilando preconceito contra homossexuais em redes sociais. 

Alguns, por certo, dirão que Matta e Silva condenava a homossexualidade, inclusive afirmando que homossexuais não podiam trabalhar mediunicamente ou mesmo ser iniciados. Algumas passagens em seus livros tinham clara conotação homofóbica, no entanto, no que pese meu profundo respeito ao Mestre Yapacani, nunca consegui encontrar outra referência ou tratado esotérico falando sobre a inferioridade mediúnica dos homossexuais ou sua incapacidade moral para exercer o sacerdócio.

Quero aproveitar para agradecer os muitos emails que tenho recebido e me desculpar pela demora nas respostas. Além dos meus compromissos profissionais, pessoais e religiosos, meu pai encontra-se enfermo e tenho me desdobrado para auxiliar nos cuidados a ele.

Em relação ao futuro do blog, devo terminar esta série de artigos e não sei quando voltarei a escrever. Certamente devo escrever um artigo respondendo as principais dúvidas que me chegam através de email. Como disse ao meu amigo Pablo Aberinyuado, sempre que surgir algo que me inspire a escrever, o farei.

Na terceira parte, falarei sobre favorecimentos pessoais, culto a personalidade e dissidências.

Manáh, Àsé e Bençãos.

Ricardo Machado
Ubajara

=============================

1 - O tantrismo é uma doutrina criada na Índia no século VII, é um conjunto de práticas que prepara o corpo e a mente do homem para aumentar seu conhecimento sobre si mesmo e sobre a realidade que está a sua volta. Foi incorporado pelo hinduísmo e o budismo, pois acreditam que o corpo e o espírito não são duas entidades separadas fazendo parte de um mesmo todo sendo considerados divinos. As principais divindades do tantrismo são Shakti que é a energia feminina, ativa e símbolo da matéria e Shiva que é o princípio masculino, passivo que representa o espírito. O objetivo do tantrismo é unir Shakti e Shiva a fim de manipular a energia do corpo. Tal prática ficou conhecida como sexo tântrico. 

quarta-feira, julho 09, 2014

A MISTIFICAÇÃO NOSSA DE CADA DIA E O ESTOURO DE UM TERREIRO - PARTE I

Não faz muito tempo e uma leitora conseguiu me encontrar em uma rede social e enviou um email pedindo para estreitarmos o contato. É sempre um grande prazer quando isto acontece pois permite que eu conheça pessoas sérias e bem intencionadas dentro da Umbanda.

Nesta semana ela me procurou para falar sobre um dilema que tem passado, o que a levou a uma crise de fé. Não irei detalhar o caso, já que outras pessoas envolvidas podem estar lendo isto, mas a coisa toda se resume na mistificação perpetrada pelo dirigente do Terreiro e pela covardia dos demais integrantes do mesmo em dar um basta em algumas coisas.

Vamos começar falando do velho mito do médium "100% inconsciente" e da mistificação. 

É de crença geral no meio umbandista que médiuns para serem "firmes", devem estar inconscientes, já que de outra forma interferem no trabalho da entidade. Isto é uma tremenda bobagem.

A mediunidade é um meio de aprendizado para o médium e caso ele esteja "apagado" aprenderá o que com o trabalho? Qual seria o sentido das entidades tratarem o médium como mero veículo que ao deixarem de usar, guardam em uma "garagem" até a próxima vez que necessitem?

O médium que quer convencer de sua inconsciência é, de forma geral, aquele que quer fazer com que tudo que venha através de sua mediunidade seja algo incontestável, tendo em vista que é a palavra de um ser espiritual. Não é muito diferente do pastor que afirma que Deus falou com ele e por isto aquilo que está dizendo deve ser observado e cumprido.

Antes que venham as lamúrias, percebam que eu disse que "de forma geral" aqueles que se dizem inconscientes assim fazem, o que não descarta que existam médiuns legítimos e honestos nestas condições. No entanto, em meus 28 anos de Umbanda, conheci um ou dois médiuns nestas condições que com o tempo evoluíram para uma mediunidade semi-consciente.

Mas - pergunta o arguto leitor - em quê esta questão pode influenciar o dirigente, a assistência e o Terreiro de forma geral?

Ora, por óbvio TODA MANIFESTAÇÃO ESPIRITUAL tem influência do médium e muitas vezes este se aproveita para se comportar de forma, digamos, inusitada, para depois dizer que é da "personalidade" da entidade comunicante.

Então você, leitor, acredita mesmo que um "exu" que grita com os médiuns, que esmurra paredes, que ameça médiuns de agressão física, realmente merecem alguma credibilidade? Que raios de entidade é esta que age igual ou pior do que aqueles aos quais tem a pretensão de ajudar?

Ao meu sentir, uma cena como a narrada acima não é caso de interferência do médium e sim de mistificação pura e simples. E quanto mais arrogantes, quanto mais acreditar que é um "avatar", um "semi-deus", mais atitudes como esta o suposto médium apresentará. 

Aliás, o tema vem ao encontro de outra pergunta que recebi por email, que acredito ser pertinente tratarmos aqui: como discernir se o médium está ou não mistificando, sem o dom da vidência?

Vamos esclarecer que a vidência é um dos tipos de mediunidade mais raros que podemos encontrar, no que pese a quantidade de pessoas que se dizem videntes e que não se constrangem ao dizer que vêem e conversam com entidades como se fossem pessoas encarnadas. 


Já ouvi médium dizendo que fica em receoso em sentar-se em coletivos e até mesmo em aviões pois sua vidência é tão apurada que já não consegue diferenciar entre encarnados e desencarnados. Aliás, já li coisa semelhante atribuída a Chico Xavier, o que me leva a crer que a vaidade só faz com que estas pessoas repitam este quadro que, sinceramente, duvido até mesmo que tenha acontecido com o famoso psicografo.  

Portanto, sendo rara tal faculdade, basta usar de bom senso e observação para descobrir se está diante de uma entidade legítima ou de um mistificador. 

Vamos partir do princípio que Entidades de Fato e de Direito são esclarecidas, moralmente superiores à nós, com uma visão macro de ambos os mundos. Se assim são, não podem tomar posturas ou ter rompantes que não condizem com esta condição superior. 

Portanto, desconfie do médium cuja "entidade" usa ostensivamente de palavreado chulo, que tem predileção em atender pessoas do sexo oposto, que sempre está envolvido em casos amoroso com membros da assistência e da corrente mediúnica, que sempre está demonstrando seus "poderes" com truques de circo, que diz ter passados encarnações como grandes figuras históricas, poderosos magos ou coisa que valha. Lembram de um certo "mestre" que afirma que há milênios é um "condutor" da humanidade? 

O melhor filtro, portanto, é saber reconhecer naquela entidade valores e atitudes elevadas, pois caso contrário a chance de estar diante de uma mistificação "brava" ou de um belo kiumba é enorme.

Vou dividir este assunto em 3 ou 4 postagens para que não fique um texto longo e maçante. Na próxima tratarei exatamente sobre a questão da sexualidade e da moralidade dentro dos Terreiros.

Manáh, Àsé e Bençãos.

Ricardo Machado
Ubajara

quinta-feira, abril 23, 2009

PORTABILIDADE

A palavra da moda em nosso país é PORTABILIDADE.

Temos portabilidade para a telefonia, planos de saúde e, pelo visto, chegou também à Umbanda.

Isto me ocoreu ao ler o calendário de atividades da Ordem Iniciática do Cruzeiro Divino (OICD), enviada para as listas pelo nosso "amigo" João Luiz Carneiro.

Aliás, quero agradecer o interesse do mesmo em ser um "seguidor" em meu Twitter, mas já declinei da honraria visto que posso ser tudo nesta vida, menos hipócrita. Não tenho a MENOR simpatia por ele, assim como não tenho NINGUÉM da OICD como amigo ou mesmo como "Irmão-de-fé". Sei que isto não faz a menor diferença para eles, assim como para mim, mas gostaria de deixar registrado.

Mas, voltando ao assunto, a "portabilidade umbandista" funciona da seguinte forma: no mesmo espaço em que "tocam" as gíras seguindo os fundamentos da Umbanda Esotérica, no dia seguinte se faz a mesma coisa com Omolokô, Catimbó, "Tríplice Caminho", e vai por ai afora.

Não importa que sejam energias completamente diferentes entre si, mas já que tudo (para eles) é Umbanda, então podemos apenas trocar de roupa, guias e patuás, e "deixar a gíra girar".

É como acontece com a telefonia, mal comparando: eu permaneço com o "número" (Umbanda), mas troco de "operadora" (Rito). Como não existe mais aquela exigência de fidelidade por um determinado tempo, podemos trocar de "operadora" quantas vezes quisermos, sem o risco de pagarmos um "multa" ou sofrermos qualquer outra penalidade.

Isto é uma "revolução", com certeza.

Fico imaginando como é a logística física e espiritual para este tipo de coisa. Será que é uma tronqueira para cada rito ou, semelhante aos "smartphones" que podem ser programados para perfil "personal" ou "bussiness", temos uma "tronqueira inteligente" que detecta as mudanças na configuração do Terreiro?

De uma coisa, porém, eu tenho certeza: os médiuns são "quadriband", já que conseguem adaptar suas vibrações mediunicas à todos os ritos existentes, assim como os modernos celulares fazem com os diversos padrões de frequências encontradas nas redes de telefonia.

Ah!, estas modernidades...

sexta-feira, abril 17, 2009

MÉDIUM OU PITONISA?

Era chamada "pitonisa", pelos gregos, toda mulher que tinha o poder de adivinhar o futuro. Já o deus da adivinhação, Apolo, era também chamado de Pítio, quer por haver matado a serpente-dragão Píton, quer por ter estabelecido o seu oráculo em Delfos, cidade primitivamente chamada Pito.

O primeiro oráculo de Delfos era conhecido geralmente como Sibila, embora seu nome fosse Herófila. Ela cantava as predições que recebia de Gaia. Mais tarde, Sibila tornou-se um título dado a qualquer sacerdotisa devotada ao oráculo.

A sibila apresentava-se sentada na rocha sibilina, respirando os vapores vindos do chão e emitindo as suas frequentemente intrigantes e confusas predições. Pausanias afirmava que a Sibila "nasceu entre o homem e a deusa, filha do monstro do mar e uma ninfa imortal". Outros disseram que era irmã ou filha de Apolo. Ainda outros reivindicaram que Sibila recebera os seus poderes de Gaia originalmente, que passou o oráculo a Têmis, que depois o passou a Phoebe.

De toda forma, independente da veracidade dos poderes premonitórios do oráculo e toda lenda que o cerca, a verdade é que o povo grego se dirigia ao Templos, que ficava no planalto Phaedriades, junto ao monte Parnaso e sobranceiro ao vale de Pleistos, em busca de previsões.

Dizem que nos portais do Templo, havia uma inscrição, atribuída aos assim chamados "Sete Sábios", que dizia: "Ó homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os Deuses".

Acredito que está na hora de adotarmos esta mesma inscrição em nossos Terreiros.

A cena, com certeza, é conhecida: o consulente se dirige para a consulta com a Entidade e espera que ela revele seu passado, presente e futuro. Acreditam que os mentores espirituais são onipresentes e oniscientes, e ao invés de chegarem e expor seu problema querem que eles adivinhem o que está acontecendo.

Tal atitude é um desrespeito à Entidade, que não está ali para fazer nenhum truque de mágica de circo mambembe ou artista de rua, mas também denota falta de consideração com as outras pessoas que estão aguardando atendimento. Se permitem o coloquialismo, isto é uma babaquice.

Nenhuma Entidade incorporada tem o dever de saber de tudo sobre a vida da pessoa que está à sua frente. Como já disse, os mentores não são onipresentes ou oniscientes e quem espera este tipo de comportamento da parte de médiuns sérios, positivos e firmes, que trabalham com Entidades de fato e de direito, vai sair decepcionado.

Como vivo dizendo para meus discípulos, a Umbanda não é a "lâmpada mágica" e nossos Mentores não são o seu "gênio". A cada um é dado conforme suas obras e seu merecimento, não importando quão sério a pessoa acredite ser o seu "causo" ou queira testar a veracidade da comunicação mediúnica esperando revelações e previsões por parte de nossos Guias.

No mesmo caminho seguem aqueles que acreditam somente nas Entidades que se manifestam através do médium-chefe do Terreiro e se acham muito importantes para se consultarem com as demais. Se bem que há, em alguns casos, uma propaganda enorme por parte dos médiuns sobre os "poderes" e "graus" das Entidades que os assistem, como é o caso de um determinado "mestre" por ai que só trabalha com "Cabeças de Legiões".

Lembro-me dos ensinamentos de Pai Domingos da Cruz, incorporado no saudoso "Tio" João dos Santos, que sempre explicava à assistência que a corrente mediúnica é uma só e que não haviam diferenças entre ele (que era o Chefe do Terreiro) e as Entidades dos demais médiuns. Este tipo de comportamento, infelizmente, não é apenas da assistência, mas também dos médiuns.

O melhor que os dirigentes têm à fazer é instruir seus médiuns e assistência sobre estas coisas, deixando claro que todas as Entidades, independente do grau em que estejam (e convenhamos, nenhuma delas chega gritando aos quatro ventos ser chefe distou o daquilo...) estão aptas a resolver qualquer problema dentro do grau de merecimento de cada um que as procuram.

É importante também que os médiuns-chefes rechacem qualquer tipo de mistificação e supervalorização de sua própria mediunidade. Chega a ser patético um chefe de Terreiro que fica o tempo pavoneando-se e, pior ainda, quando permite que seus filhos-de-santo fiquem por ai, a todo momento, cantados loas, destacando seus poderes", habilidades e feitos.

Mais patéticao ainda é quando insistem, publicamente, em afirmar e reafirmar seu tempo no "Santo" e sua árvore genealógica.

Isto é de um pedantismo, de uma babaquice, sem par.

Pessoas como Hitler, Aleister Crowley, Rasputin, Samael Aun Weor, dentre outros iniciados de outras Tradições, também podiam se gabar de conhecerem a sua genealogia iniciática. Nem por isto foram pessoas que usaram isto para um fim produtivo exceto, é claro, para benefício deles mesmo o que, diga-se de passagem, vem acontecendo comumente dentro da Umbanda, ainda mais depois do "vale-tudo" que andam pregando.

Nem sempre o que é mais antigo ou segue uma tradição é o melhor.

Enfim, nós umbandistas devemos nos dar conta que, muitas vezes, usamos demais a palavra "humildade", nos mostramos muito "humildes" por fora, mas nossas atitudes são completamente contraditórias em relação aos nossos discursos. É hora de pararmos de falar em humildade e, efetivamente, exercê-la.

::::::::::::::::::::

Imagem:

Pitonisa - óleo sobre tela.

domingo, março 01, 2009

CULTOS DE POSSESSÃO NO DISTRITO FEDERAL

Seguindo a linha editoral deste blog de trazer uma abordagem diferente sobra a Umbanda e demais Cultos de matriz africana, disponibilizo aqui uma interessante dissertação de mestrado defendida na Universidade de Brasília, de autoria do antropologo Marcos Silva da Silveira.

Os relatos contidos nesta dissertação, não somente mostram a proximidade do poder poilítico com as religiões de matriz africana, como também nos dá uma clara visão do nível de fetichismo, mistificação, animismo e práticas de magia negra com a pecha de "Umbanda".

Destaque para o jantar de gala, no melhor estilo black tie, oferecido por um "pai-de-santo" supostamente incorporado por uma "pomba-gira" que se apresenta com o significativo nome de "Soberana" e o relato de um trabalho feito com um feto adquirido de uma clínica de aborto clandestina (perdoem a redundância).

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

UMBANDA DO MERCOSUL

A notícia foi publicada no jornal "Diário de Los Andes" em 30/10/2008 e somente ontem chegou ao meu conhecimento, através de um nosso correspondente na Argentina. Acredito que tenha passado despercebida para a comunidade umbandista brasileira, visto que não vi nenhum tipo de comentário sobre o assunto em nenhuma lista de discussão ou comunidade virtual.

O períodico informa que Carina del Carmen Baroni foi condenada à prisão perpétua pelo assassinato de suas filhas gêmeas, de apenas cinco meses de idade, em 2003, naquilo que o jornal identifica como "ritual de umbanda". O duplo homicídio qualificado teria ocorrido na casa da acusada onde funcionaria um "templo de umbanda", que a mesma mantinha junto com o seu marido, identificado como um "pai umbanda" e que morreu meses depois.

As crianças teriam morrido sufocadas, tendo suas vias respiratórias sido obstruídas através de asfixia mecânica.

Não é novidade que a Umbanda, assim como o Candomblé, estão migrando para os países portenhos, em especial Argentina, Uruguai e Paraguai, lugares onde não houve escravidão e, consequentemente, as religiões de matrizes africanas não se desenvolveram.

O fenômeno da religiões afrodescendente entre "los hermanos" é recente, talvez não tenha vinte anos, se muito. Alguns adeptos da religião migraram para estes paises e por lá estabeleceram seus "ilês", com uma grande receptividade por parte das populações locais.

E como podemos ver nos vídeos abaixo, já virou uma bagunça fetichista à exemplo do que vem acontecendo por aqui. As "giras", em especial aquelas que dizem ser de "exu", mais parecem um baile de carnaval combinado com concurso de fantasias.






O que preocupa, na verdade, não é a confusão doutrinária, os bailes de carnaval travestidos de "giras" e toda a parafernália fetichista e mistificadora que vemos por lá, e sim que a Umbanda esteja tendo Seu Nome e Tradições ligados à crimes brutais como o que aconteceu na região de La Plata.

Apesar da "moda" (por que não dizer "ordem") do momento seja a "diversidade", a "convergência" e a "tolerância", deixando para Rivas Neto e seus asceclas o poder de julgarem o que é ou não digno de ser criticado dentro da Umbada, pelas imagens podemos perceber que A Senhora da Luz Velada passou longe destes lugares.

Por lá, ao que parece, não existe nenhum tipo de instituição, mesmo que nos moldes de nossas deficientes federações, conselhos e associações, para esclarecerr a opinião pública sobre as bases da religião, como por exemplo, que não existe sacrifícios humanos em nosso rituais
.

Não existem, enfim, lideranças - nem mesmo do tipo oportunista como a maioria aqui no Brasil - para combater a desinformação que a imprensa e, claro, as Igrejas Católica e Evangélicas, fazem questão de disponibilizar naqueles países.

Enfim, como se não bastasse termos de nos preocupar com esta verdadeira balbúrdia que os "líderes" brasileiros insistem em chamar de Umbanda, temos que nos atentar sobre o que acontece nos paises vizinhos e, não deve demorar muito, veremos "exus" e "pomba-gíras" dançando tango em algum baile que eles dirão que é uma "gíra".

E vamos descendo ladeira, Umbanda... porque para baixo todo santo (inclusive o que fala espanhol) ajuda.

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

LENHA NA FOGUEIRA

Como o passar do tempo de militância no meio umbandista, estou chegando à conclusão que todo religioso que consegue algum tipo de projeção passa a se achar absurda e absolutamente incontestável em sua idéias e posicionamentos.

Já faz algum tempo tenho escrito sobre médiuns oriundos do kardecismo que, por algum motivo que não consigo alcançar, resolveram escrever sobre Umbanda, misturar conceitos completamente estranhos à religião e ainda ter a cara-de-pau de dizer que tudo vem do astral.

Dentre muitos, incluso Gasparetto, destaca-se o médium mineiro Robson Pinheiro, proprietário (nas palavras dele mesmo) da Sociedade Espírita Everilda Batista, na cidade de Contagem, que tem feito muito sucesso com seus livros, sendo aplaudido por vários setores ditos umbandistas e, pasmem, até mesmo sendo objeto de estudo em alguns Terreiros.

Não faz muito tempo, enviei um e-mail para o programa "Horizontes", apresentado por Robson e o editor da "Casa dos Espíritos" (editora dos livros do médium) Leonardo Möller na rádio Mundial, onde, em síntese, dizia que ele não sabe absolutamente NADA sobre Umbanda e que insistia em passar para seu ouvintes e leitores conceitos errôneos não somente sobre a religião, mas também em relação ao mundo espiritual.

Cheguei, inclusive, a propor um debate com o citado médium, mas o mesmo, que não é bobo, recusou sobre a alegação de não visar ensinar ou combater nada a respeito da Umbanda. Achei o posicionamento estranho, visto que em suas obras é exatamente isto que Robson Pinheiro tenta fazer: ensinar Umbanda.

Aproveito a oportunidade para, novamente, convidar Robson Pinheiro para um debate doutrinário em relação às suas obras. Infelizmente, tenho certeza, ele, de novo, não aceitará.

O que senti na resposta enviada de "próprio punho" por Robson, é que se trata de um médium vaidoso, que se considera acima de outros e, como é comum entre os 'famoso', deixou transparecer, entrelinhas, que considerava um verdadeiro acinte de minha parte ousar contradizê-lo em alguma coisa.

Fato é que Robson Pinheiro, o famoso médium e escritor mineiro, que tem o raro privilégio de "psicografar" mensagens de espíritos como Madre Tereza de Calcutá, além de ter o auxílio de luminares como Dante Alighieri, Julio Verne e Ranieri no preparo de suas obras, capitulou frente a um reles desconhecido como eu.

Aliás, chega ao meu conhecimento que ele esteve procurando saber na TUEDLUZ, aqui de Belo Horizonte, que em um passado distante podia se dizer de "Umbanda Esotérica", quem era o tal "Mestre Ubajara" que tinha a audácia de se dirigir à ele deste ou daquele jeito. Infelizmente, não sei o teor da conversa que ele teve com a dirigente deste Templo, mas com certeza deve ter ficado sabendo quem sou, visto que ela me conhece muito bem.

Não duvido que exista uma conversa de que estou demandando magisticamente contra a TUEDELUZ (o que não seria a primeira vez). Se isto fosse verdade, sinceramente, aquela Casa não estaria de portas abertas. Não que eu seja um "poderoso mago" como muitos se dizem por ai, mas a é fato que a dirigente do Templo, assim como sua mãe-pequena, não tem o mínimo conhecimento magístico para "segurar" demanda alguma.

E, para ser muito sincero, tenho mais o que fazer do que ficar demandando com quem quer que seja. Não sou o tipo de umbandista que, como um outro famoso por ai, fica dentro de tronqueiras, ao telefone, ameaçando de "Força de Exu" aos seus desafetos.

Não existe "demanda" contra a TUEDLUZ. O que vem acontecendo por lá, com tantas coisas dando errado, com "estouros" um atrás do outro desde que a saudosa Mãe Tina faleceu, é LEI DE PEMBA, SIM SINHÔ... fruto do despreparo da atual dirigente, das mistificações que, infelizmente, tomaram conta daquela Casa de Umbanda.

Na verdade, a amizade entre a atual dirigente da TUEDLUZ e Robson Pinheiro é perfeita. Afinal de contas, nenhum dos dois sabe nada sobre Umbanda.

domingo, janeiro 18, 2009

HISTÓRIAS QUE O POVO (NÃO) CONTA III

Depois da oficialização da "umbanda vale-tudo" não param de chegar "notícias" dos excessos e invencionices do povo alinhado a esta nova fase do Movimento Umbandista.

De Curitiba, chega-nos ao conhecimento que um "babá" que dirige (?!?) um terreiro que fica ao lado de um cemitério, pretende fazer um rito nos moldes "Guardião da Era Dourada - Vencedor da Era das Trevas" exatamente dentro da calunga pequena.

Imaginem só: dezenas de médiuns fantasiados, com capa, cartola, tridentes, etc, mais a assistência no meio do campo santo, com toques de atabaques, bebidas, comida, etc, virando a noite ali no tal "rito".

Quero crer que para um evento de tal envergadura, deva ser necessária a autorização da Prefeitura local e do departamento que administra as necrópóles coisa que, sinceramente, duvido que seja dada. Exceto que o tal "babá" pretenda fazer seus médiuns, assim como a assistência, pular o muro do cemitério.

Aqui em Belo Horizonte, tivemos notícias de uma "oferenda" envolvendo Xangô, Yansã e Oxum, que por muito pouco não acaba em uma tragédia, isto se não considerarmos assim uma senhora idosa tomar um tombo (na verdade relatou que sentiu como se tivesse tomado uma "gravata" de um ser invisível) cair de sobre a oferenda e sofrer traumatismo crânio-encefálico ao arrebentar um alguidar com a cabeça. Sobreviveu por pouco.

Tudo isto diante de uma assistência estupefata, que após o ocorrido saiu do tal terreiro jurando nunca mais colocar os pés ali.

Ainda nas Gerais, tive a oportunidade de ouvir o relato de uma sessão de "exu" em determinado terreiro que está alinhado com a "umbanda vale-tudo", onde o "exu" que comandava a sessão bebia litros de vinho de boa qualidade, além de queimar inúmeros charutos cubanos. Não que eu seja contra que as Entidades usem do que há de melhor, mas desde que isto saia do bolso dos médiuns e não em forma de doações compulsórias da assistência, como é o caso.

Também há uma certa distinção dentro da assistência, em especial em relação aos elementos do sexo feminino, sendo reservados os lugares mais à frente para aquelas mais bonitas e o final da fila para as não tão belas. É o mundo "fashion" chegando aos terreiros de Umbanda ou, melhor, como nos programas de auditório, seleciona-se as de melhor aparência para ficar à frente.

Desnecessário dizer que tais bealdades recebem toda atenção dos "exus" incorporados, bebem no copo deles, e tudo mais. Ah!, tantrismo... chegou mesmo para ficar, não é mesmo?

Mas, como sempre, o melhor fica para o final.

Durante a tal sessão de "exu", foi ordenado aos cambonos que trouxessem quatro garrafas de "champagne" (leia-se sidra...), as mesmas foram ligeiramente chacoalhadas e retirados os lacres de segurança, sendo que cada uma foi colocada em um canto do terreiro.

Feito isto, o tal "exu" informou que os pedidos de quatro pessoas ali presentes (em meio a mais ou menos setenta pessoas) iriam ser atendidos, caso as "champagnes" estourassem. Claro que após serem ligeiramente chacoalhadas, mantidas em um ambiente quente, acabaria uma ou outra "estourando". O caso é: de quem foram os pedidos atendidos?

Ao terminar a sessão (isto lá pelas 4:00 horas da manhã), um médium "incorporado" pelo Sr. Tranca-Ruas das Almas, mantinha-se postado junto ao portão fazendo as vezes de "Host" à semelhança das festas profanas.

E alguns ainda dizem que devemos ser tolerantes... =/

sexta-feira, dezembro 26, 2008

HISTÓRIAS QUE O POVO (NÃO) CONTA II

Alguns Terreiros de Umbanda, que dizem seguir os ensinamentos de Matta e Silva e se auto-intitulam como "Umbanda Esotérica", animaram-se com as práticas contraditórias de Rivas neto e passaram a adotar os atabaques. Vejamos em quanto tempo vamos ver estes lugares fazendo matanças para Exu, seguindo o exemplo do "pai das sete linhas".

Aliás, tem um deste lugares (que se dizem de Umbanda Esotérica) aqui em Belo Horizonte, que além de atabaques, onde os "ogãs" estão sendo "treinados" por uma Yalorixá de Candomblé, com direito a ensinar os médiuns a dançar tal e qual se faz dentro do "xirê" dos Cultos de Nação, já adotou a camarinha. A matança, pelo jeito, não tarda...

Em se falando neste lugar, chegou ao meu conhecimento que a dita Yalorixá, na festa em homenagem aos Erês, de súbito, "incorporada", disse que precisava ir à casa do "aparelho" para resolver algumas questões particulares da mesma.

Diante da negativa dos médiuns, ameaçou a chorar e fazer uma birra, no que a dirigente da tenda, que certamente não deve suportar choro de "criança", determinou que dois médiuns acompanhassem a "entidade incorporada" até a residência do "aparelho".

Foi aquela maravilha: a "suposta" médium, "supostamente" incorporada por um Erê, com "supostos" médiuns de uma "suposta" tenda de Umbanda Esotérica, que tem uma "suposta" iniciada como dirigente, pagando um verdadeiro "mico", saindo às ruas com suas roupas ritualísticas, cortando encruzilhadas e tudo mais. Mas em um lugar onde tudo é meramente "suposição", não podia ser diferente. Se acontecer de novo, seria bom acionar o Conselho Tutelar para lidar com o suposto "erê" mal-criado.

Falando nisto, existe tenda que se diz de Umbanda Esotérica por ai, que se não fosse o livro "Exu - O Grande Arcano" não teria tronqueira firmada. O pior que, mesmo com a "receita de bolo", a dita casinhola de Exu foi firmada de forma errada.

No rastro de tamanha marmotagem, chega ao meu conhecimento que o próprio "espírito" de W.W. da Matta e Silva, anda levando à cabo "iniciações" no Astral, incluso elevando mulheres ao 7º Grau do 3º Ciclo (corolário do adepto da Umbanda Esotérica). Pelo jeito, o Velho Matta, depois de desencarnado, fez como seu "sucessor": esqueceu tudo que o Astral ensinou, mandou ignorar o que deixou escrito e se tornou adepto da "umbanda do vale-tudo".

Tal disparate, tamanha MENTIRA, é um desrespeito à memória do saudoso Grão-Mestre Yapacani, ainda mais vindo de gente que se diz seguidora dos seus ensinamentos.

Aliás, não sei qual a maior das mentiras, se esta ou a de um certo discípulo de Rivas Neto, de nome João Carneiro, que divulgou em todas as listas de discussões sobre Umbanda que Matta e Silva era um iniciado na Encantaria/Catimbó.


Realmente a famigerada "apometria" está com tudo dentro de alguns terreiros de Umbanda por ai. Aqui em Belo Horizonte existe um onde em determinado trabalho, a responsável por fazer a contagem dos chamados "pulso apométricos" mandou que os médiuns se preparessem para serem encobertos pelo "manto da invisibilidade". Certamente tal pessoa é oriunda da famosa "Escola de Magia e Bruxaria de Hoggwart", tendo pegado tal "manto" emprestado com Harry Potter.

Aprendam este "fundamento" profundo: o Templo é consagrado à Oxossi, a dirigente é de Yori, a tronqueira é do "Sete Encruzilhadas". Isto se deve porque depois da morte da dirigente-raiz do Terreiro, sua sucessora, por não ter conhecimento (apesar de estar sendo "iniciada" pelo próprio "Mestre Yapacani" no Astral) não fez o ritual próprio para a ocasião, não tirou a "mão de vumi" da cabeça do Filhos-de-Santé e, inovando, guardou tudo que pertencia à falecida Yalorixá e fez um museu.

Como também não sabe os fundamentos para assentar seu próprio Orixá no Terreiro e desconhece aquela máxima hermética que diz que "tudo que está em cima é semelhante ao que está embaixo", a Tenda continua consagrada ao Orixá da falecida Yalorixá e os "estouros" são frequentes. O pior é que a vaidade e o ego exarcerbado da atual dirigente a impede de ver que as seguidas ocorrências estranhas dentro do Templo é "Lei de Pemba, sim Sinhô". O Astral é implacável com usurpadores.

É como o querido Pai A... sempre diz: "perereca não tem rabo [no sentido de cauda], quer sentar no morro por conta de quê"?

::::::::::::::::::::::::::::::::

Foto: marmota. Alusão à gíria marmotagem utilizada quando há mistificação e práticas sem fundamentos dentro de um Terreiro.

quarta-feira, março 01, 2006

UMBANDA E QUARESMA

Não há como negar a enorme influência que a Igreja Católica Romana tem sobre a Umbanda, seja através de seu calendário litúrgico, com o uso de imagens do ditos "Santos" sincretizados com nossos Orixás e até mesmo, como acontece com a maioria dos que se dizem "umbandistas", como religião "oficial" já que mantêm vínculo estreito com o catolicismo batizando seus filhos, casando-se, celebrando-se missas aos seus mortos e até mesmo, pasmem, confirmando "iniciações" e "feituras" por lá.

Aproveitando a época, quero falar especificamente sobre a Quaresma dentro da questão umbandista.

Vamos definir, primeiramente, o que vem a ser a Quaresma.

De acordo com o site da Ordem Religiosa "Companhia de Jesus" (http://www.jesuitas.org.br/liturgia/quaresma.htm), este é o tempo litúrgico de conversão, que a Igreja marca para nos preparar para a grande festa da Páscoa. É tempo para nos arrepender de nossos pecados e de mudar algo de nós para sermos melhores e poder viver mais próximos de Cristo. (...)

Continua o texto: A prática da Quaresma data desde o século IV, quando se dá a tendência a constituí-la em tempo de penitência e de renovação para toda a Igreja, com a prática do jejum e da abstinência. (negritos meus)

Conforme podemos ver, a quarema trata-se de uma tradicional liturgia CATÓLICA, que serve como preparo para a Páscoa. Ambas as celebrações, no meu modesto entender, nada têm com a Umbanda.

Começa que a Umbanda não é uma religião que, entre seus conceitos e postulados, prega a existência de "pecado" conforme a concepção judaico-cristã. Sendo um período determinado e instituido pela própria Igreja Romana, em nada afeta a harmonia cósmica ou impõe ao mundo espiritual algum tipo de obrigação de observar tal período. Trata-se, portanto, de mero arranjo humano, específico da religião católica, que nenhum condão tem de interferir nas atividades de um Templo de Umbanda.

Infelizmente, na prática, não é isto que acontece. Neste período, muitas casas umbandistas adaptam suas atividades e, pasmem, tenho notícias de alguns que promovem vigílias e a pratica de se rezar o "terço" católico em suas dependências.

Em um Terreiro que trabalhei por alguns anos, no período da quaresma não se trabalhava com Exus. A explicação que se dava é que se trata de um período de trevas, onde o "mal" está à solta e que os Guardiões, exarcebados de serviço, não podiam ser deslocados para o trabalho dentro do Templo, já que estaria todo o tempo empenhados nos combate as hordas satânicas.

É uma visão lírica da questão, mas como tal, profundamente fantasiosa.

Os Guardiões combatem as hostes trevosas em tempo integral, seja quaresma, páscoa, natal, ano novo, dia das crianças, finados ou seja lá o que for. Enfim, como já disse, nenhuma convenção humana tem o poder de mudar o equilíbrio do mundo espiritual.

Portanto, que as pessoas queiram manter um dupla filiação religiosa, vá lá. Mas tratar comemorações católicas como algo inerente à Umbanda, inclusive alterando-se a forma de trabalho dentro dos Terreiros, já passa a ser algo equivocado.