domingo, julho 13, 2014

A MISTIFICAÇÃO NOSSA DE CADA DIA E O ESTOURO DE UM TERREIRO - PARTE III

Imagine que está em uma Casa de Culto e começa a gíra de Exus. 

O dirigente incorpora aquela que deveria ser a entidade que comanda os trabalhos, que saúda o congá, corrente, a assistência e, logo depois, se dirige a uma senhora e se ajoelha aos pés dela em reverência.

Esta cena acontece cotidianamente em um Terreiro de uma cidade do interior do Rio de Janeiro. 


Vamos lembrar que é comum no meio dos Cultos Afro-brasileiros a demonstração de respeito aos Bàbálòrìsàs e às Yálorísás, com o pedido de benção, com o dobalé, etc, no entanto ENTIDADES não se prostam ou ajoelham diante de ninguém, ainda mais se tratando de Exus.
Como tratei em outros artigos, há uma verdadeira dominação e controle de ditos "pais e mães-de-santo" aos membros da corrente e até mesmo da assistência. 

Já me chegaram relatos de filhos-de-santo que são agredidos fisicamente pelos seus "pais" como castigo a alguma falta. Outros nos dão conta de servidão doméstica de yaós, obrigados a fazer às vezes de faxineiros não somente na Casa de Santo, mas também na residência do dirigente. E nem vamos comentar a servidão sexual que alguns se submetem, pois já demos uma pincelada no assunto.


Alguns médiuns, como é o caso de João de Abadiânia, chegam ao ponto de utilizarem cadeiras que mais parecem tronos, instalados em uma espécie de plataforma que o mantém em um nível superior dos demais. Outros que querem fazer crer que são antigos condutores da humanidade, se auto-intitulam de toda forma, desde "yamunishida", "hierofante", além de outros de origem africana, exigem cega obediência de seus seguidores e muitas vezes é mais cultuado do que os próprios Òrisás.

Vamos entender de uma vez por todas que fazer parte de uma comunidade religiosa, seja Terreiro, Caso de Culto, Templo ou a denominação que queira se dar, não é um contrato de escravidão e submissão ao dirigente. Se há alguma submissão é aos Òrisás, Guias e Protetores, sendo que o dirigente da Casa de Culto é mero  facilitador e orientador para tanto. 

Não mesmo comum é o favorecimento por parte não somente do dirigente do Terreiro, mas também das ditas entidades que o assistem, às pessoas que colaboram financeiramente com a Casa, que se relacionam afetivamente com pessoas ligadas ao seu alto escalão, dentre outras coisas. A igualdade tão pregada pelas Entidades, neste caso, não existe.

Em minhas andanças por este país afora, não vi de tudo (ou quase) nesta "Umbanda de Todos Nós" mas de algum tempo para cá tenho me deparado com relatos absurdos, coisas próprias de gente doente, como práticas ditas "umbandistas", havendo uma ênfase muito grande para a exploração sexual e financeira de frequentadores e membros da corrente. 

É claro que muito do que acontece é com a condescendência das próprias pessoas. Muita gente se submete a determinadas situações para ficar mais próxima ao que acreditam ser "Poder" e, claro, se beneficiarem com isto. 

Um caso que conheço é de um empresário de São Paulo que deixava, de bom grado, que o "sacerdote" do Terreiro que frequentava desfrutasse dos favores de sua esposa.

Outro que deu uma "salva" de 400 mil reais ao mesmo "sacerdote" para que resolvesse determinada demanda judicial, caso que qualquer acadêmico do 1º ano do curso de Direito saberia dizer que, com ou sem intervenção magística, seria de vitória fácil.

Não se enganem: por detrás da pele de ovelha, em geral, está o lobo.

Na sequência, vamos dissertar sobre como a má gerência de uma Casa de Culto pode trazer consequências espirituais graves a todos os envolvidos.