terça-feira, janeiro 06, 2009

ROBSON PINHEIRO: AFINAL, QUAL É A DELE?

Acredito que, se não todos, a maioria dos umbandistas conhecem a obra de Robson Pinheiro, um médium mineiro da cidade de Contagem, onde mantem a Sociedade Espírita Everilda Batista, psicografa livros, faz palestras, administra workshops (o famoso "Entremediuns"), trabalha com kirliangrafia, terapias bioenergéticas e, recentemente, anda até mesmo fazendo algumas sessões que dizem ser de Umbanda por lá.

Enfim, um médium "multimídia", cheio de "poderes", que desde o lançamento do livro "Tambores de Angola" vem tendo uma visibilidade no meio umbandista, ovacionado por adeptos e até mesmo tendo seus livros usados como doutrina em muitos Terreiros ditos de Umbanda.

Não é necessário muito esforço para ver o quanto alguns setores da Umbqnda estão CONTAMINADOS pelas obras deste médium que, de acordo com o próprio, ouve e vê entidades astralizadas com uma nitidez tão grande que fica em dúvida se está diante de um ser desencarnado ou não.

Recordo-me de uma palestra que assisti do mesmo, onde o assunto era a Lei de Umbanda, onde a todo momento ele informava a presença do espírito "X" ou "Y", chegando ao ponto de dizer que o próprio Matta e Silva estaria ali a ampará-lo.

Logo Mestre Yapacani que, em vida, era absolutamente contra misturar-se "alhos com bugalhos", ou seja, rejeitava com veemência a influência kardecista no meio umbandista, estaria ali como amparador de um espírita palestrando (e falando bobagens) dentro de um Templo de Umbanda.

As obras de Robson pinheiro que tentam falar de Umbanda, são, se muito, boas obras de ficção. Ele, como qualquer outro kardecista, tenta colocar a Lei de Umbanda como algo subordinado à codificação kardecista, fazendo afirmações absurdas em termos doutrinários.

Para ele, o trabalho umbandista que tenha oferendas em uma encruzilhada, mata, rio, cachoeira, praia, etc, são coisa de "médiuns pouco esclarecidos" e de entidades "em evolução", sendo que tais preceitos são "absolutamente desnecessários".


E mesmo diante de tanta BOBAGEM, ainda temos ditos umbandistas incensando o sujeito, recomendando seus livros e, pasmem, até mesmo Terreiros que se dizem de "Umbanda Esotérica", como é o caso da TUEDLUZ em Belo Horizonte, abandonam os livros de Pai da Matta para fazer estudos dirigidos em cima das obras de Robson Pinheiro.

Realmente, ao que parece, não há mais nada para se ver.

A coisa está tão complicada, que não faz muito tempo ouvi de uma médium que "Robson Pinheiro é um espírita que escreve para umbandistas". Só não consigo entender o que alguém que não sabe ABSOLUTAMENTE NADA sobre Umbanda, poderia escrever, que possa ser aproveitado, por umbandistas. Em termos acadêmicos, seria como um Doutor em Letras escrever livros para Físicos nucleares.

Ontem estava ouvindo no site do médium, as gravações do programa "Horizontes", que vai ao ar pela Rádio Mundial. Em uma delas, com o tema "Exus e Guardiões", ele fala uma quantidade enorme de besteiras sobre os Senhores Guardiões, se enrola ao tentar diferenciar "Exu Orixá" e "Exu Entidade", e cria uma nova classe de "exus" que, no frigir do ovos, não são bem "Exus", ligados a doutrina kardecista e, obviamente, superiores aos Exus que trabalham na Umbanda.

Tais entidades - que somente Robson Pinheiro conhece, diga-se de passagem - estariam agrupadas em "Comandos", tal e qual as tropas especiais militares, que seriam em número de sete, assim como teriam funções que iriam desde a proteção de políticos, governantes, reis e demais dignatários de Estado, até o controle de catástrofes naturais, como o tsunamis, terremotos, erupções vulcânicas.

Sinceramente, desde as afirmação de Rubens Saraceni e seus convidados no programa de desagravo à entidade "Zé Pilintra", no "Portal de Defesa da Umbanda", não ouvia tanta sandice junta.

A influência que as obras de Robson Pinheiro tem exercido em muitos setores umbandistas, longe de ser algo benéfico, tem criado uma confusão doutrinária na cabeça de muitos. Não é novidade que doutrina, estudo, pesquisa, nem de longe é o forte da maioria dos umbandistas, portanto é um terreno fértil para aventureiros como ele. Junte-se a isto as mirabolantes descrições de batalhas, laboratórios, exércitos espirituais, e tudo mais no melhor estilo "Harry Potter", e teremos muita gente perdida embarcando nesta "viagem" pseudo-doutrinária.

O que Robson Pinheiro fez, na verdade, foi aproveitar o momento "boom" da Umbanda. Como ele não é bem visto no meio kardecista, que não considera que suas obras estejam dentro do padrão doutrinário espírita (e não estão mesmo...), ele passa a explorar este crescente e fértil mercado umbandista, com pleno conhecimento de que não há consenso doutrinário no meio, e lança a sua própria visão sobre o assunto.

Em minha opinião, as obras deste médium, se muito, servem aos umbandistas (ou a qualquer outro leitor) como um passatempo, algo que podemos ler quando não se tem nada mais interessante em mãos. Em termos de doutrina umbandista, é um LIXO.

Em verdade, Robson Pinheiro está no limbo: nem é kardecista e muito menos umbandista. Como tantos outros que resolveram juntar doutrinas e conceitos antagônicos, pegando um pedacinho de cada tradição, ele criou uma "escola" só dele, que mistura kardecismo, umbanda, misticismo oriental e qualquer outra coisa que ele julgar útil.

Mas como vivemos em uma época de trevas, onde a maioria dos umbandistas, levados à erro por megalômanos, acreditam que a Umbanda não passa de uma imensa LATA DE LIXO, onde qualquer coisa pode ser adaptada e aceita dentro de seus rituais e doutrina (a tal da diversidade, convergência, etc...) e, pior, temos de ser "tolerantes" com isto, não duvido que já exista, ou surja em breve, uma "umbanda" segundo Robson Pinheiro.

E vamos descendo ladeira, Umbanda... afinal de contas, "para baixo" todo "santo" ajuda.

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