sexta-feira, janeiro 16, 2009

NORBERTO PEIXOTO, RAMATIS, ONDINAS E ETC

Pois é...

Tentei, mas não consegui ficar longe desta "umbanda virtual de todos nós", mesmo porque acreditava que aqueles que chamo de "cheios de idéias" estariam curtindo os lucros conseguidos no ano que findou em alguma praia paradisíaca do Caribe.

Estava muito enganado.

A turma está na ativa, soltando novos "conceitos", aquelas famosas frases de efeito, preparando o caminho para prosseguir com novidades e mais novidades na "umbanda do vale-tudo".

Todavia vou deixar para expor (e comentar) as últimas dos "convergencionistas" em um texto futuro. Neste eu quero continuar comentando sobre aquelas pessoas que insistem, com suas obras, em fazer da Umbanda uma "linha auxiliar" do Espiritismo.

No artigo anterior, falei do "médium" Robson Pinheiro, e hoje falarei de Norberto Peixoto, autor da trilogia "Umbanda e Apometria", composta pelas obras "Evolução no Planeta Azul", "Jardim dos Orixás" e "Vozes de Aruanda", todos psicografados por Norberto, tendo como autor espiritual (supostamente) Ramatis.

Confesso que não li toda a trilogia, sendo que tomei conhecimento das ideias de Norberto através do livro "Vozes de Aruanda", que comprei por motivos óbvios. Com atenção, "devorei" o livro em poucas horas e, sinceramente, fiquei estupefato: a obra poderia muito bem servir de base para um novo livro de "Harry Potter". 

Entre estouros de "laboratórios" de "magos negros", "gnomos", "sílfos" e "ondinas" além, é claro, de "microprocessadores de carvão" implantados nos pacientes, nos deparamos com uma "iniciação" no Astral à qual Noberto Peixoto teria se submetido. 

Peço o devido "agô" ao leitor para transcrever, ipsis literis, parte da narrativa:

A experiência que descrevemos ocorreu em desdobramento astral na noite de 13 de abril de 2004. Fomos conduzidos por Babajiananda a um templo do Astral que é a contraparte etérica de uma ordem iniciática do movimento de umbanda existente na Terra, de que não estamos autorizados a dizer o nome. Seu dirigente é um dos raros iniciados encarnados que teve as sete iniciações na umbanda esotérica, e faz um articulado trabalho de estudo e divulgação umbandista, pregando a unidade e a convergência entre todas as doutrinas, abarcando as ciências, religiões e filosofias existentes.

Esta imensa loja etérica era similar às construções egípcias, com muitos ornamentos dourado com símboloso solares. As entidades trabalhadoras apresentavam-se em formas astrais de pretos velhos, caboclos e orientais, vestindo uma indumentária de cor alaranjada. Chamou-nos a atenção a alegria e a desconcentração (sic) destes espíritos, demonstrando-nos que a espiritualidade não é circunspecta sem motivo, chorosa e compungida, como preconizam muitos irmãos encarnados e desencarnados.¹

Ganha um disco do grupo "Kangoma" quem adivinhar sobre qual "ordem iniciática" Peixoto se refere. =)  

Obviamente, está se referindo à OICD e à Rivas Neto.

Mas isto não é de se estranhar já que, para quem não sabe, Babajiananda é o nome do mentor espirirtual do saudoso Roger Feraudy, autor de excelentes obras sobre Umbanda (no que pese não concordar com alguns de seus conceitos), dentre elas "Umbanda - Essa Desconhecida" e  "Serões de Pai Preto". Importante salientar também, que Roger Feraudy mantinha fraterno e próximo relacionamento com Rivas Neto e a OICD.

Desnecessário dizer, creio eu, que Feraudy e Peixoto se conheciam.

Então, nada mais natural que o "guia" de Peixoto nesta "viagem", fosse, supostamente, Babajiananda, assim como a tal "ordem iniciática" fosse a OICD, não é mesmo? Todo mundo é de "casa".

Prossegue Peixoto:

"Foi-nos mostrada a Ala do Oriente desse templo diáfano: vimos um salão de tarô e quiromancia que assiste a médiuns em suas iniciações na umbanda; visualizamos muitos encarnados desdobrados, sentados a pequenas mesas dispostas diante de ciganos e orientais de várias etnias... (...)

Ao passamos por uma dessas mesas, fomos informado (sic) de que conheceríamos os entrecruzamentos vibratórios das sete linhas da umbanda, com os seus respectivos agentes mágicos (os exus),  e em seguida, eu e um irmão do grupo de apometria que me acompanhava estaríamos prontos para incorporar nosso exus originais, o que se daria, a partir de então, por meio dos verdadeiros exus de umbanda, chefes de legião. Então, eu estaria iniciado para manifestar o exu Pinga Fogo, e o meu companheiro de grupo o exu Sete Chaves... (...)"² 

A contraparte etérica da OICD é uma pirâmide?!? Talvez um templo egípcio da Antiga e Veneranda Escola de Mistérios de Hórus, quem sabe?

O mais estranho é o sujeito ter de ir ao Astral para tomar conhecimento dos entrecruzamentos vibratórios das Sete Linhas, sendo que em qualquer obra de Pai da Matta e do próprio Rivas Neto pode-se ter conhecimento disto.

Sinceramente, não sabia que para ser iniciado no Astral precisava de tão pouco, assim como desconheço um Exu Sete Chaves que esteja no grau de Chefe de Legião. Será que mudaram a hierarquia da Kimbanda e ninguém avisou?

Afim de não ficar muito maçante e extenso, adianto que depois dos eventos acima, Peixoto e seu companheiro passaram por "iniciações", e ele foi "entronizado" no sítio vibratório do caboclo Ogum Iara.³

Talvez eu seja um cara muito implicante e não tenha, como já me disseram alguns, o "verniz", 'cabedal" espiritual para entender algumas coisas.

Mas, o leitor já percebeu como estes "grandes iniciados", "portentosos médiuns", sempre trabalham com Orixás Menores e Exus Chefes de Legião?

Sim, porque à exemplo de Rivas Neto, que tem como Preto-Velho, Caboclo e Criança, entidades no grau de Orixás Menores, assim como trabalha como o Sr. Sete Encruzilhadas que é o Chefe da Legião de Exus da linha de Oxalá, estes "formadores de opinião", sempre estão trabalhando com entidades deste "naipe" e fazem questão de publicar isto.

Enfim, faço minhas as palavras de um amigo sobre o assunto:

A pretensa contraparte astral da OICD com ciganos, tarólogos e etc me pegou em cheio. Essa gente deveria estar na TV preparando mini- séries, tamanha a inventividade de suas fantasias. O Arapiaga (essa é a melhor de todas) mesmo nos seus desvarios deve ter achado que o tal Babajinanda, como dizem os jovens, estava "forçando a amizade". 

É... tenho de concordar com cada palavra.

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Foto: Norberto Peixoto  (divulgação Editora do Conhecimento)

¹ PEIXOTO, Norberto, Vozes de Aruanda, Limeira,SP, Editora do Conhecimento, 2005, 27-28p

² Idem, 28p

³ Idem, 29-30p