quinta-feira, abril 10, 2008

GUERRA DE LETRINHAS (E DE EGOS)

Com exceção deste blog, eu tenho estado em "off" no meio umbandista.

Na verdade, há muito, me cansei desta "MILITÂNCIA" no movimento dito umbandista, pois como os interesses ($$$) são muitos e o fanatismo é maior ainda, a única coisa que colhi de anos à frente de alguns grupos e iniciativas foram dores de cabeça, materializadas em calúnias, injúrias, difamações e gastos imensos com advogados e perda de tempos em Fóruns e Tribunais para enfrentar meus "irmãos" que, diante da incompetência em fazer algo de concreto além de "bater beiço" em listas de discussões, Orkut e congêneres, passam para o vilipêndio puro e simples contra quem, efetivamente, trabalha.

Enfim...

De forma discreta e anônima, venho acompanhando o panorama umbandístico virtual que, como se constata de uns 10 anos para cá, vem refletindo no mundo real e tornou-se, mesmo pela facilidade de qualquer um montar um website e expor suas idéias, o maior veículo de divulgação (e batalha) da Umbanda.

Faz alguns anos existe uma verdadeira GUERRA entre partidários do Sr. Rubens Saraceni e o Sr. Rivas Neto. A bem da verdade, tenho meus motivos, pessoais e doutrinários, para não simpatizar com nenhum dos dois. Mas a bem da verdade, admito de muito contra-gosto, que o segundo é digno de aplausos pela idealização da Faculdade de Teologia Umbandista (FTU) e também pelo Conselho Nacional da Umbanda do Brasil (CONUB), organizações que, justiça seja feita, têm aproximado umbandistas das mais diversas correntes doutrinárias e, como há muito tempo não se via, colocando a Umbanda nos noticiários e no panorama sócio-religioso nacional.

Mas, como nos ensina a física, para toda ação existe uma reação de mesma força e sentido contrário. O jogo do poder tem de seguir seu rumo, assim, quando um dos lados passa a perder influência o outro começa a se movimentar para nivelar a balança.

Os partidários de Rubens Saraceni (que se auto nomeou "Codificador da Umbanda"), vendo que a influência do antigo desafeto, assim como suas idéias, passaram a ter eco junto a uma fatia por demais significativa da comunidade umbandista, contra-ataca através de listas de discussões, comunidades de relacionamento e, novidade, um "portal de defesa da Umbanda".

No citado portal (
http://www.pdu.com.br/), em sua estréia, Rubens Saraceni e alguns de seus partidários discutem sobre as colocações de Francisco Rivas Neto (Mestre Arapiaga) sobre a entidade denominada "Zé Pilintra" na obra (já esgotada) "Lições básicas de Umbanda", além, é claro, de criar uma celeuma entre os SUOESP e o CONUB.

Comecemos, então, analisar a situação por partes.

Primeiro, vamos falar de política.

É evidente, e isto é de conhecimento geral, que federações, orgãos, e instituições afins são meramente "castelos políticos", "torres de vaidade", onde cada grupo quer ter influência sobre o maior número possível de adeptos e, principalmente, na esteira do poder, ganhar algum dinheiro, seja com as mensalidades, eventos, cursos, livros, etc.

Ora, a FTU e o CONUB foram uma "pisada" no calo de Rubens Saraceni, que até a criação destas instituições, estava bem posicionado no ranking de influência na Umbanda. Como a proposta de Rivas Neto é agrupar umbandistas de todas as linhas doutrinárias e, diga-se de passagem, o CONUB está conseguindo isto de forma primorosa, o contra-ataque era necesário.

Como fazer isto, matutaram os partidários do "codificador".

Ora, analisando posicionamentos de Rivas Neto em suas obras que vão de encontro ao que se acredita ser o correto dentro da Umbanda, o que o "povo" (voz populis, vox dei???) admite como doutrina.

A entidade chamada "Zé Pilintra" é, praticamente, uma unanimidade no meio umbandista. A grande maioria dos médiuns, ouso afirmar, trabalha ou conhece alguém que o faz com tal entidade. Eu mesmo devo conhecer uns 10 médiuns, incluso um querido primo, que enchem a boca para dizer que são "cavalos" ("boas montarias", como diz a Mãe Mercedez em sua participação no debate) de Zé Pilintra.

Então, pegaram o posicionamento pessoal e doutrinário de Rivas Neto e "deceram a lenha". Em defesa da tal entidade? Dos médiuns da mesma? Negativo.

Primeiro pq entidades não precisam de advogados no plano material. Não necessitam que ninguém faça "justiça" em seus nomes. Em segundo lugar, os médiuns que com elas trabalham, muito menos, necessitam de defesa, já que conhecem a integridade e a natureza dos amigos espirituais com os quais trabalham. Então, o que resta ?

Simples... desacreditar a proposta de Rivas Neto em torno do CONUB.

Desacreditando Rivas Neto, expondo os conceitos deles em relação às entidades espirituais que são, em sua maioria, unanimidade dentro do meio, afastar as Casas e adeptos que com elas trabalham do Conselho Nacional, enquanto Rubens Saraceni faz "pose" de conciliador e respeitador de qualquer coisa que se diga de Umbanda.

Na verdade, a intenção por detrás do "PDU" é mostrar Rivas Neto como intolerante e Rubens Saraceni como "libertário". Alguma dúvida? Ora, basta ver o citado Sacerdote-Mago-Codificador-Bispo da Umbanda chamando Zé Pilintra de "santo".

Que Zé Pilintra não seja kiumba, vá lá. Mas "santo" ?!? Não força, Rubens Saraceni.

Agora, vamos falar de semântica.

No dicionário Houaiss, o significado de "Pilintra" é:

adjetivo e substantivo de dois gêneros 1 diz-se de ou pessoa mal trajada, mas pretensiosa 2 diz-se de ou pessoa de mau caráter; desonesto, finório n substantivo masculino 3 entre ladrões, vagabundo de baixa categoria, reles

A sinonímia de "pilintra" é PILANTRA, pulha, trapaceiro.

Então, contra o dicionário, não há argumentos. Sejamos então realista, pq "santo" algum teria este nome ou se adjetivaria desta forma. Claro, que existe uma razão, talvez esotérica para o nome, mas vamos parar de hipocrisia.

Agora, para encerrar, vamos falar de representatividade.

O Sr. Basílio, advogado militante em São Paulo e, ao que parece, membro da diretoria jurídica do SUOESP, ex-presidente do CONUB, afirma, categoricamente, que o CONUB não tem representatividade ou legitimidade para falar em Nome da Umbanda, cabendo isto somente ao SUOESP.

Logo depois, solta a seguinte "pérola": "o único orgão que tem procuração para falar em nome da Umbanda é o SUOESP".

Procuração ?!? :-(

Eu gostaria que o preclaro causídico mostrasse, publicamente, a procuração outorgada ao SUOESP (ou a qualquer outro orgão representativo) pela Senhora da Luz Velada, esta Umbanda de Todos Nós.

Qualquer um pode criar um "Excelso Poderosíssimo Superior Colendo Conselho de Umbanda das Américas" (fica ai a sugestão... :-), ter centenas, milhares de associado e, nem por isto, terá mais ou menos direito de falar em nome da religião. E isto se deve ao fato que a Umbanda não é uma religião alinhada, ou seja, não tem uma só doutrina ou direcionamento litúrgico, como o caso da Igreja Católica e algumas denominações evangélicas, em especial os chamados protestantes históricos, como os Batistas, Presbiterianos, Metodistas, Luteranos, Assembleianos, etc.

A Federação Brasileira de Umbanda, assim como o SUOESP, o CONUB, o CONSUB, e qualquer outra "sopa de letrinhas", tem legitimidade para falar em nome de seus associados e só. Se falar algo além disto, ainda mais partindo de um advogado, é balela e, pior, má fé da grossa.

Então, caros amigos, vamos ver a nova fase da guerra Saraceni vs. Rivas Neto. Agora, pelo menos em termos de siglas, a coisa está bem equilibrada.