terça-feira, julho 22, 2008

UMBANDA SEM DONO

"Como um cedro do Líbano ergui-me,
e como um cipreste nas montanhas do Hernon.
Como uma palmeira sobre as margens ergui-me,
e como roseiras em Jericó.
Como uma oliveira frutuosa na planíce,
e ergui-me como um plátano...
Eu própria um terebinto, estendi meu ramos,
e meus ramos são ramos de glória e de graça."

(P. Boulgakoff, in La Vierge dans l'Orthodoxie)



Vivemos um momento complicado no Movimento Umbandista.

Por um lado, temos as eternas lutas entre facções religiosas, que estendem suas influências doutrinárias e políticas para todo o Brasil. Os líderes destas facções têm o mesmo objetivo: ser uma espécie de "Papa" da Umbanda.

A grande preocupação destes indivíduos não é com a Umbanda e sim como o que Ela pode render para as suas contas bancárias. Claro que existe uma competição de egos, quem é o melhor médium, qual "astral superior" revela mais, escreve mais livros, inventa mais modismo... quem aparece mais em capas de revistas ou em notas de sites e jornais.

O ponto para aqueles que pretendem ser os "donos da Banda", muito além da questão financeira, é de vaidade. Aliás, vaidade que eles não admitem possuir, com seus discursos floreados, suas manifestações públicas vazias, suas capas de "salvadores" que apenas escondem sua real intenção: DOMINAR.

Acreditam, ou melhor, fazem com que seus discípulos e seguidores acreditem tão piamente em suas "missões divinas", que o grupo ligado a um destes indíviduos chega ao ponto de visitarem Terreiros, demonstrando arrogância e prepotência, se enfiando em tronqueiras e outros cômodos reservados daquelas Casas Umbandistas, para espiarem fundamentos, assentamentos e tudo mais.

Tive notícias de que um bando destes marginais, certa vez vistaram o Terreiro de um falecido e sério Chefe-de-Terreiro do interior de São Paulo e chegaram ao absurdo de escorar uma filmadora nos ombros de uma idosa afim de registrar, sem a anuência do responsável pela Casa, a gíra que ali se processava, sem o menor respeito à absolutamente nada e ninguém.

Em outra ocasião, elementos ligados à um determinado "mestre" criaram a maior confusão na Bienal do Livro de São Paulo, salvo engano a do ano de 2002, ao, praticamente, invadirem um estande do "concorrente".

Muitos destes que se pretendem "líderes", "donos da umbanda", agem como mafiosos da década de 50, cobrando "proteção", invadindo os Templos alheios, intimidando e difamando seus desafetos, buscando censurar qualquer manifestação contrária à eles e seus propósitos.

O pior não são as pretensões destes indíviduos, e sim que muita gente séria, que por anos está enganjada na defesa da Religião, de nossos costumes e Tradições, deixou-se levar pelo "canto das sereias". Em troca de diplomas fajutos, cargos "disto ou daquilo", apoio político, livros, cds e somente Oxalá sabe a troco do que mais, se bandearam para um dos muitos lados desta guerra pela tomada do poder religioso.

Pode até parecer que o Movimento Umbandista está melhor hoje do que há 10 anos atrás, mas é apenas mera ilusão de ótica. A coisa piorou muito...

Toda esta organização, toda esta movimentação de alguns setores, com seus conselhor, escolas, colégios e coisas que os valha, nada mais é do que um grande jogo de "War" religioso. Os "generais" e seus capachos estão conquistando e perdendo território e aliados todos os dias, sejam em seus sites, em suas listas ou em suas "escolas".

E, tenha certeza, que apesar da Umbanda não ter dono, nem mesmo no Astral, (já que é Senhora e não serva) o próximo aliado que eles querem é você, sua Casa, seu "filhos" mas, principalmente, sua consciência e lealdade afim de atingirem seus objetivos.

Portanto, meus Irmãos-de-Fé, não se deixem levar pelas aparências, pelos discursos bem escritos, a profusão de livros e instituições com os quais os pretensos "donos da Banda" querem nos impressionar. É suficiente para vocês, para mim, para qualquer Umbandista sincero estarmos associados somente à esta grande árvore chamada UMBANDA, debaixo tão somente dos seus ramos de glória e de graça.

Não precisamos, com certeza, de mais nada e ninguém.