terça-feira, setembro 11, 2007

Hipocrisia do Santé

Durante os meus 22 anos de caminhada na seara umbandista, conheci muita gente, visitei muitos Terreiros e pude constatar que na Umbanda, assim como em qualquer outra religião, a politicagem impera.
Em meados da década de 1990, fui aceito com médium em um terreiro de umbanda esotérica de Belo Horizonte, comandado por um casal. Naquele pequeno Templo, vi minhas esperanças de estar em contato com um discípulo direto de Mestre Yapacani virar um pesadelo espiritual, emocional e pessoal que ainda hoje, anos depois, ainda refletem em minha vida.
Começa que havia uma grande coleta de dinheiro entre médiuns e assistência e nunca se prestava conta daqueles valores ao corpo mediúnico. Ao ser questionado, o chefe do Terreiro afirmava, em alto e bom tom, que o destino dos valores arrecadados eram de interesse somente dele, de sua esposa e do tesoureiro do Templo. Enfim, todos os médiuns acatavam aquilo, visto que para nós era ensinado que esoterismo não é uma democracia.
Mas estou apenas prefaciando, para chegar ao ponto principal deste meu artigo. O tesoureiro deste Templo à época foi um grande amigo, alguém que me auxiliou muito em um momento extremamente complicado de minha vida mas, infelizmente, resolveu fazer parte do sistema e caiu na vlha armadilha de querer agradar a gregos e troianos.
Há alguns meses atrás, estava dando uma olhada em alguns perfis de velhos e novos desafetos no Orkut, dentre eles deste médium. Cabe registrar que hoje ele e seu Templo estão inseridos em um contexto nacional e federativo, sendo muito conhecido por ai. Alguém já pensou em alguma coisa melhor para alguém que vive da religião? Fama....
Fato que um detalhe em seu profile, mais especialmente em seu álbum de fotos, me levou a escrever est artigo. Lembro-me que certa vez, ao reencontrá-lo depois de anos sem notícias, o mesmo me disse "poucas e boas" em relação ao casal que comandava aquele Terreiro mencionado no início. Afirmou que havia pagado R$ 2.000,00 (em suaves prestações) para ser elevado ao grau de Mestre de Iniciação e que foi vítima de cobrança indevida por parte do casal, mesmo com os recibos de depósito nas mãos, além de outras coisas que depreciavam a imagem daqueles dois Sacerdotes. Acrescentou ainda, que deles queria distância, já que não se misturava com aquele tipo de gente mais.
Certo é que apesar de tanta ira demonstrada, no álbum de fotos do nosso "personagem", consta uma singela homenagem ao casal que ele chamou de "este tipo de pessoa", algo parecido com isto:
Etapa Iluminada de Minha Vida - A Benção Eterna a Pai X e Mãe Y - Que Pai Guiné os pague por tudo. Conte sempre comigo em todos os sentidos.
Benção eterna?!? Contar com ele sempre?!?
O que tem acabado com a Umbanda, assim como outros movimentos religiosos, é a hipocrisia. Em busca de reconhecimento por parte de terceiros, tem gente que se presta a todo tipo de conchavos, inclusive incensar velhos desafetos ou, de hora para outra, transformar inimigos em grandes amigos.
Mas, pergunto, qual o intuito? Qual a vantagem? Ser reconhecido como "Mestre de Iniciação" por outros que também só querem se dar bem? Ter um diploma na parede ou fazer parte de um conselho afim de melhorar suas referências comerciais?
Mas se já temos até "entrevista com exus" rolando no Youtube, afim de auto-promoção de uns e outros, o que mais podemos esperar desta nossa "umbanda virtual"?
Não sei... esperemos cenas dos próximos capítulos.