quarta-feira, fevereiro 22, 2006

CARTA DE BELO VALE : "E PLURIBUS UNUM"

"E Pluribus, Unum

Inspirados pelas forças do alto, reuniram-se na Fazenda Belo Vale, no interior da cidade mineira do mesmo nome, os representantes das várias correntes da Umbanda. Com aquele Encontro, foram quebradas todas as correntes nacionais contrárias ao movimento e os participantes puderam testemunhar uma verdade que estava sendo esquecida: A de que “ cada um manifesta sua ligação com o Astral Superior à sua maneira” e de que “somos todos apenas instrumentos grosseiros da manifestação de uma Luz maior” a qual, sendo infinita, ilumina, aquece, purifica, traz consolo, saúde e paz interior aos que a buscam.

É sabido que um lustre da mais rara beleza irradia a mesma luz que um simples conjunto de velas; também nós, dotados ou não de formação intelectual, possuidores ou não de bens materiais, estaremos irradiando a mesma energia ou às vezes menos, do que a de uma pessoa humilde que se predispõe à manifestação mediúnica mesmo sendo inculta ou analfabeta.
Reunindo pessoas das várias linhas da Umbanda com o objetivo primordial de compartilhar experiências, aquele Encontro inspirou os participantes a redigir e divulgar a “Carta de Belo Vale”, documento que passa a ser o ponto de convergência, o marco da união das várias correntes da Umbanda no Brasil.

Os princípios apresentados a seguir, passam então a se constituir num roteiro para a Grande União que espelhará o enunciado “E pluribus, unum” (a partir de muitos, nos tornamos um) ou melhor ainda, pela união de muitas correntes da Umbanda, passamos a formar um corpo místico único, mais forte, mais unido, mais dinâmico, mais confiante e mais respeitado, o qual passa a ocupar o seu espaço no seio da sociedade brasileira.

Enunciados

1 – É facultada e mesmo estimulada a partir de agora, a praxe de visitas aos centros de outras linhas da Umbanda.

2 – Nas visitas, os médiuns deverão se predispor à incorporação com atuação efetiva junto ao público presente.

4 – Como esperado, as próprias entidades cuidam para que não haja ambigüidade de nomes de identificação adotados durante as incorporações conjuntas naquelas visitas.
3 – A liderança e a organização dos trabalhos fica sempre a cargo do responsável pelo centro anfitrião.

5 – Independentemente dos rituais de cada linha, vigoram sempre os princípios básicos da fraternidade, da solidariedade, do respeito mútuo, da empatia, da harmonia e do altruísmo entre os irmãos de fé.

6 – É dever de todos os que exercem atividades ritualísticas, observar os princípios de respeito à mãe natureza, buscar o equilíbrio ecológico e promovendo a limpeza dos locais onde tiverem sido feitos despachos.

7 – É dever de todos os que seguem os princípios da Umbanda, evitar danos à mãe natureza, abstendo-se de acender fogueiras ou deixar velas acesas junto às matas e campos, deixar objetos poluentes dentro de águas de nascentes, rios, córregos lagoas ou cachoeiras.

8 – É importante lembrar que em qualquer contato com as entidades através de despachos, o que vale para a obtenção dos resultados pretendidos é o que vai dentro da alma do crente e, principalmente, dentro da intenção do médium que executa os rituais, ficando em
segundo plano, a parte exterior envolvendo objetos, alimentos, bebidas, e partes de vestuário que devem ser recolhidos pelo médium ou por seus assistentes no final do ciclo.

9 – O princípio básico de que a união faz a força e a utilização de esforços mútuos em busca de um objetivo comum “ E pluribus, unum” deve nortear cada pensamento, cada palavra e cada ação de todos os que professam a Umbanda.

10 – São estimulados, tanto a prática de rituais conjuntos, seja nos centros, seja na execução de trabalhos encomendados pelos fiéis, como durante a realização de Encontros periódicos em forma de seminários ou congressos, de abrangência nacional ou regional.

11 – Seguindo os preceitos da Umbanda, condena-se a prática de rituais que visem prejuízos materiais, morais, danosos ao patrimônio ou à saúde de outrem, ainda que sejam com o objetivo de retorno de um trabalho anteriormente encomendado por representantes de outras crenças religiosas.

12 - É dever de todos buscar a utilização de meios de comunicação para divulgar a Umbanda, seus princípios, seus objetivos e sua beleza, buscando obter maior respeito de toda a comunidade, estimular a vinda de mais adeptos, principalmente daqueles detentores do poder temporal, das lideranças comunitárias, dos meios de comunicação, da segurança pública, da educação e da saúde no âmbito da União, dos Estados e dos Municípios.

Cidade de Belo Vale, Estado de Minas Gerais, aos dezessete dias do Ano da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de dois mil e um.

Signatários:
Participantes do Iº Encontro Nacional de Umbanda