segunda-feira, janeiro 05, 2009

SACERDÓCIO - INICIAÇÂO

Nos tempos antigos os discípulos eram considerados como propriedade do Templo ao qual se filiavam, sendo que incorriam em pena de morte caso o abandonasse sem a autorização do Sumo Sacerdote. Era o que acontecia, por exemplo, nos Templos dos Mistérios egípcios, babilônicos, hindus e gregos.

Nas sociedades tribais, aqueles que os mundo dos espíritos escolhesssem como seus instrumentos na terra estavam fadados a carregar esta responsabilidade pelo resto da vida, sendo uma de suas funções orientar e iniciar futuros Xamãs, Payés e Baba'Lawôs.

A hierarquia sacerdotal era rigorosamente observada, sendo que alguns discípulos estavam fadados à desvelar os mistérios menores e à outros era reservado o acesso aos mais altos patamares da sabedoria oculta, tornando-se assim sacerdotes dos Grandes Mistérios.

O desejo de penetrar o segredo das coisas, a sede de saber, eis o que traz o discípulo ao Templo.

A iniciação antiga repousava sobre uma concepção do homem ao mesmo tempo mais elevada e sã que a nossa. Nós dissociamos a educação do corpo daquela da alma e do espírito. As nossas ciências físicas e naturais, muito avançadas, abstraem do princípio da alma e da sua difusão do Universo; as religiões modernas, com raríssimas exceções, não satifaz as exigências da inteligência, a nossa medicia não procura nem quer saber da alma e do espírito. O homem contemporâneo, mais do que nunca, busca o prazer sem felicidade, a felicidade sem a ciência e a ciência sem a sabedoria.¹

A Antiguidade não admitia que essas coisas se pudessem separar, levando em conta, em todos os domínios, a tríplice natureza do homem². A iniciação era uma elevação gradual de todo o ser humano para as cumeadas vertiginosas do espírito, de onde se pode dominar a vida.

Para atingir o mestrado - dizia os sábios de então - o homem precisa refundir totalmente o seu ser físico, moral e intelectual.

Ora, essa refundição só é possível pelo exercício simultâneo da vontade, da intuição e do raciocínio. Por uma completa concordância desses três elementos, o homem pode desenvolver as suas faculdades até limites incalculáveis.

Existem na alma sentidos dormentes: a Iniciação acorda-os.

Com um estudo profundo, uma aplicação constante, o homem consegue pôr-se em relação consciente com as forças ocultas do Universo. Por um esforço prodigioso, pode atingir a percepção espiritual direta, devassar os caminhos do Além e tornar-se capaz de seguir por eles. Só então pode dizer que venceu o seu destino e conquistou desde cá de baixo a sua liberdde divina. Só então o iniciado pode tornar-se Iniciador, ou seja, um "criador" de almas. Porque só aquele que se governa à si próprio pode governar os outros: só aquele que é livre pode libertar.

A Verdadeira Iniciação é, pois, alguma coisa bem diferente de um sonho vazio, e bem mais que um simples ensino científico e religioso: é a criação de uma alma por si mesma, a sua eclosão em um plano superior, a sua eflorescência em um mundo divino.

Feliz aquele que compreende estas palavras porque a Lei do Mistério encobre a Grande Verdade.

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¹ SCHURÉ, Edouard, Os Grande Iniciados - Hermes, São Paulo, Martin Claret, 2003, 55p

² Considerando esses constituintes de outra maneira, poderíamos dizer que o homem inferior é um ser composto, mas que na sua real natureza ele é uma unidade ou um ser imortal, consistindo de uma única trindade de Espírito, Discernimento e Mente que requer quatro instrumentos ou veículos mortais inferiores, através dos quais trabalha na matéria e obtém experiência da natureza. Essa trindade é chamada de Atma-Buddhi-Manas em sânscrito. São termos difíceis de traduzir para o português. Atma é Espírito, Buddhi é o poder mais alto do intelecto, aquele que julga e discerne, e Manas é a Mente. Esse conjunto tríplice é o homem real; e sem dúvida esta idéia originou a doutrina da trindade de Pai, Filho e Espírito Santo. Os quatro instrumentos ou veículos são: Paixões e Desejos, Princípio Vital, Corpo Astral, Corpo Físico.