Faz pouco tempo respondi a um "portentoso mestre", que a Umbanda que pratico é libertária e não escravagista. Assim agi porque o indivíduo afirmou que são as Entidades que possuem o médium e não o contrário. Claro que ele não se referia à "possessão" mediúnica e sim a um contexto de propriedade mesmo.
Por outro lado, é comum que os médiuns sejam vistos por alguns Chefes-de-Terreiros como propriedades. Alguns, não se contentando em ser o conselheiro espiritual, o "apontador do caminho" aos que frequentam, como médiuns, às suas Casas, querem também definir o que eles podem ou não fazer em sua vida profana, cotidiana, extra-terreiro.
Em verdade, este tipo de controle externo às atividades dos médiuns, a exigência de autorização para visitar outras Casas ou mesmo frequentar cursos e workshops promovidos por pessoas estranhas ao ambiente do Terreiro, é apenas insegurança de médiuns mal preparados, que nada sabem, para manter o corpo mediúnico em um "cabresto" e evitar a debandada dos membros da sua "manada".
O pior de tudo isto, são médiuns que apesar de insatisfeitos com algumas situações dentro do seu grupo, em especial ao que diz respeito ao conhecimento teórico, doutrina, não buscam modificar esta realidade, preferindo reclamar, ler livros kardecistas, idolatrar este ou aquele escritor que "escreve para umbandistas" do que, efetivamente, exigir do médium-chefe de sua Casa efetivo conhecimento.
É muito cômodo para um dirigente de Casa umbandista exigir empenho de seus médiuns em campanhas internas e externas, postura, obediência, enquanto em termos doutrinários deixa o seu "rebanho" sem referências, em conteúdo ou substância. É o que a sabedoria popular prega: "deixa-se largado como Deus criou batatas."
A questão ética suscitada por muitos, em relação à validade deste controle externo, opressivo, injusticável na vida profana dos médiuns das Casas de Umbanda, assim como a falta de uma efetiva atitude destes para que esta realidade mude, só perde para comportamentos exasperados, inconvenientes (em especial com médiuns do sexo oposto) e uma completa INÉRCIA e, por que não dizer, uma omissão criminosa por parte dos interessados.
Conhecereis a Verdade e Ela vos libertará - já ensinava O Nazareno.
Portanto, não é a preocupação com o bem estar dos médiuns que leva à posturas retrógadas e de um "estado policial" na vida dos médiuns de algumas Casas e sim o medo de que ouçam a Verdade que liberta e que suas "manadas" debandem para pastos mais verdejantes.