quarta-feira, fevereiro 22, 2006

INICIADOS, SACERDOTES, MESTRES, TEURGOS, HIEROFANTES E AFINS.

"2Tim 4:3 Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos"

" Tiago 3:1 Meus irmãos, não sejais muitos de vós mestres, sabendo que receberemos um juízo mais severo."


Desde os primórdios da humanidade existem formas de distinguir posição social, religiosa ou hierarquica entre os homens. Nossas instituições, salvo raríssimas exceções, são baseadas em disciplina e hierarquia o que, consequentemente, colocam alguns "acima" e outros "abaixo" dentro desta pirâmide organizacional.

Nas instituições religiosas, místicas, esotéricas, ocultas (ou seja lá o nome que se queira dar) não é diferente. Em sua maioria, temos organizações com o poder de decisão extremamente centralizado nas mãos de somente uma pessoa, algo bem ditatorial, enquanto em outras iremos observar uma estrutura mais democrática onde existem conselhos que decidem os rumos a serem tomados.

Entretando, não quero falar sobre a organização em si, e sim nos títulos e posições.

Na Umbanda, em seus aspectos mais populares (ou tradicionais, como queiram), assim como no Candomblé e outras religiões de cunho afro-brasileiro, temos as figuras de Babalawôs, Babalorixás, Ekedes, Ogãs, Pejigãs, Abiãs, etc., em uma estrutura piramidal de hierarquia, onde o respeito e a obediência são exigidos e, não raras às vezes, punidos quando não observados. Dentro da chamada Umbanda Esotérica, preconizada por W.W. da Matta e Silva (Mestre Yapacani), temos a figura do "Mestre de Iniciação", que nada mais é do que o título dado ao Iniciado que alcançou a compreensão da Doutrina e burilou suas, vamos assim dizer, aptidões mediúnicas, estando por isto apto a instruir outros Adeptos nesta árdua jornada chamada "Iniciação".

Diferente do que muitos (e ferozes) opositores das obras de Matta e Silva e da assim chamada "Umbanda Esotérica" querem fazer crer, nenhum Mestre de Iniciação de Umbanda Esotérica tem a pretensão de ser "Mestre da Umbanda", no sentido de colocar-se em uma posição semelhante à do Papa católico. Se bem que alguns por ai se dizem os atuais "condutores" do Movimento Umbandista, mas isto já é assunto para outra ocasião.

Os títulos, via de regra, servem apenas para inflar egos, impressionar a audiência ou dar credibilidade às pessoas. Então teremos 'apredizes' e teremos "teurgos, hierofantes" etc. Dentro, por exemplo, da Maçonaria, mais especificamente no Rito Escocês Antigo e Aceito, teremos trinta e três graus que se inicião por "Aprendiz" e termina, apoteoticamente, em "Soberano Grande Inspetor Geral". Na tradições afros, teremos o "Abiã" que, com perseverança, paciência e, principalmente, dedicação, poderá um dia ter o seu próprio "Ilê", podendo ostentar o título de "Babalorixá" ou "Yalorixá". Poderia citar outros exemplos aqui, mas acredito que já me fiz entender neste particular.

Aqui chego ao ponto que quero tratar: quem é "Mestre"? Quem é "Sacerdote"? Quem é "Iniciado"? Realmente estes títulos fazem alguma diferença para o Astral? É necessário que um "Mestre" carnado realmente coloque suas mãos em sua "rica cabecinha", forneça balangandãs, "pembas secretas" e outros "apetrechos" para que vc seja reconhecido como "Iniciado"?

Particularmente, eu acredito que não e explico o motivo.

Em sua obra "Doutrina Secreta de Umbanda", Mestre Yapacani nos alerta:

"(...) Bem sabemos que são inumeráveis os desiludidos por via desses fatores reais. Sabemos que se contam ás centenas os simpatizantes, adeptos e mesmo iniciados inconformados e muitos até envolvidos pela sombra da descrença, dado que confundiram, misturaram o que era do humano médium como o que pensaram ser do próprio Guia ou Protetor. Conceitos errôneos adquiridos por força de tantos impactos, de tantos fracassos e de tantas desilusões... humanas, é claro.

(...) Por estas e por outras, oh! irmão, não é que Você vai deixar de se filiar diretamente à Sagrada Corrente Astral de Umbanda, composta essencialmente dos Guias e Protetores astrais; passe por cima dessa subfiliação que implica em Você se deixar cair, ou envolver, na faixa vibratória de um médium qualquer, quer seja chefe-de-terreiro, pai ou mãe de santo, tata ou lá o que for. (negritos nossos)

Prossegue o saudoso Mestre:

Isso porque as condições reinantes de chefia, doutrina, ritual e magia são dúbias, e Você sendo uma pessoa que lê, estuda, perquire e compara, na certa não vai, nem deve, submeter-se a um "quiumba" qualquer, arvorado a caboclo ou preto-velho...

Você, sendo um verdadeiro "Filho de Fé" da Corrente Astral de Umbanda, não deve ficar na dependência e no temor dos "caprichos de A ou B", sabendo que o elemento mediúnico é humano, é "aparelho" sujeito a desgaste, erro, subversão de sua própria mediunidade ou dom...

E mesmo que o médium seja bom, positivo, correto, esclarecido com bons Guias e Protetores, está sujeito a morrer, adoecer e a errar também, podendo inclusive surgir um problema qualquer no terreiro com Você e conseqüentemente afastamento; portanto, a filiação direta e tão somente a faixa espíritica, moral e vibratória de um "chefe de terreiro", não é o bastante para lhe acobertar de eventuais problemas ou decaídas mediúnicas, cisões, etc...

(...) Então não convém a ninguém (adepto ou iniciado) ficar sujeito a essas eventualidade ou condições, mesmo que o médium seja da linha reta, em tudo por tudo. Não mantenha ilusões... estamos dando um recado, que vem muito de cima e na de baixo...

"O que lhe convém é se pôr a coberto de qualquer uma dessas eventualidade, se filiando por cima de tudo isso e diretamente à Corrente Astral de Umbanda - a Cúpula Astral, composta dos Guias Espirituais, que são os seus legítimos mentores... e esses jamais subverterão essa cobertura, essa proteção, porque não são humanos, não são médiuns etc.." (negrito nosso)

Como podemos ver, Matta e Silva deixa claro que para ser Iniciado verdadeiramente dentro da Corrente Astral de Umbanda, basta que o interessado busque esta cobertura através de seus Guias e Mentores espirituais. Diferente do que muitos "entendidos" pregam, e até mesmo com truculência defendem, ninguém precisa ter ligações com um poderoso ou famoso "Babalawô" ou "Mestre" encarnado para ser aceito e reconhecido PELO ASTRAL como um verdadeiro Iniciado da Corrente Astral de Umbanda. O destaque em negrito é apenas para reforçar que o reconhecimento que interessa à qualquer médium, dirigente ou seja lá o que for, é o da Cúpula da Corrente Astral de Umbanda e não de "a" ou "b".

Então, você que é dirigente, que tem seu Templo organizado e trabalhando à "todo vapor", não se preocupe com reconhecimento mundano, não se deixe dominar pelo "canto da sereia" de Iniciados do "Mestre X" ou "Mestre Y" que tentam a todo custo, como vendedores de seguros, arregimentar você e os seus para suas Ordens, Escolas ou seja lá o que for. Siga o que o Astral que lhe assiste manda e determina. O resto... bem, o resto é apenas fumaça que se desprende da fogueira das vaidades.