terça-feira, julho 29, 2008

GUERRA DO TAMBOR II

Na verdade fico muito feliz, em estado de graça quando um texto meu repercute e gera reações em alguns dos "donos da banda".

Este tipo de reação me prova duas coisas:

1) Eu sou lido e, melhor, as minhas opiniões incomodam aos "poderosos";

2) A cada dia que passa, tais "poderosos" afundam um pouco mais na própria lama que criaram.

Como o pessoal da OICD não admite criticas e, muito menos, permitem um diálogo livre nas listas que administram, com todo o prazer utilizo este espaço para respondê-los.

O William Carmo de Oliveira, conhecido como "Mestre Obashanan", "Yan Kaô" e também "William de Ayrá", enviou o seguinte e-mail ao grupo "Apometria e Umbanda", administrado pelo Sr. João Luiz, em resposta ao artigo "Guerra do Tambor":

(...)

Espero ter-lhes esclarecido, pois infelizmente alguns "Cobras cegas", esses, sim frustrados, que não fazem nada além de ficar atrás de um computador, jamais pisando num terreiro, certos indivíduos sem origem e sem descendência, pretendem passar a idéia de que existe uma "guerra de tambores" na Umbanda, querendo aparecer às custas de polêmicas que somente empobrecem nosso movimento. Não existe nenhum problema entre nenhum Alabê na religião brasileira. Não há polêmicas, meus irmãos, pois quem bate o couro é Xangô.

Apenas as partes que dizem respeito à mim e ao meu trabalho foram transcritas aqui. Na verdade, nada do que está escrito me surpreendeu. Infelizmente, o pessoal do Arapiaga nunca conseguiu atacar argumentos, por isto atacam o argumentador. Não aprenderam ser grandes discutindo idéias e preferem continuar microscópicos discutindo pessoas. São dez anos agindo da mesma forma.. que falta de criatividade, não acham?

Percebam que Obashanan fala sobre origem, descendência, frustração, etc. Fala de uma tal "cobra cega", que, certamente, é uma auto-crítica, já que o Mestre dele, assim como o próprio, por anos pregou que os tambores eram maléficos para uma corrente mediúnica, que podiam causar até problemas no coração, que geravam animismo e, até mesmo, que ATABAQUES NÃO ERAM COISAS DE UMBANDA.

Senão, vejamos:

(...) Nesses congás não há o uso de imagens, atabaques, palmas e outros objetos musicais. Também não há danças e nem roupas multicoloridas ou de tipo idèntico aos usados no culto da Nação Africana. Não há profusão de colares de conta de louça e vidro. Jamais há o uso de "cocares" e roupas que estilizem essa ou aquela Entidade. Não há também o uso, anacrônico e absurdo, de certos objetos primitivos, tal qual o arco e flecha, o machado, lanças, tacapes, etc.. No 1º modelo também não esse arsenal, essa parafernália improdutiva e fetichista que distancia o adepto da verdadeira Umbanda.

Há quem diga que a roupa, a comida, os axés, os atabaques, as danças são do Candomblé. Concordamos... pois tudo o que foi citado realmente é do Candomblé. Mas quando dizem que isto tudo tambném existe na Umbanda ai se enganam, conforme já explicamos, iludidos que são por aqueles adeptos do Candomblé que, deixando seus antigos cultos, pretenderam, sem consegui-lo, praticar a pura e real Umbanda. Ignorantes completamente de seus fundamentos, como sempre estiveram, resolveram fazer uma "Umbanda" segundo as coisas que aprenderamem seus rituais de nação.

(...) É, pois, nesses locais que vemos as "roupas de santo", as "comidas votivas", as matanças, as danças, os "toques de orixá" e até a saída dos orixás da camarinha ou roncó ou ainda barco, tal qual o Candomblé, mas dizendo ser Umbanda.

(Lições Básicas de Umbanda, Editora Ícone, 3ª Edição ampliada e revisada, 1997, pags. 48, 86, seguintes, F.Rivas Neto - negritos nossos)

Tem mais:

"Falamos das mensagens, que via de regra são entoadas harmonicamente por meio de verdadeiros pontos cantados, sem ruídos estranhos (atabaques e outros)."

Infelizmente, raríssimos são os Iniciados que sabem o preparo correto dos atabaques, como também os toques adequados. Frisamos, e queremos deixar patenteado, que o som do atabaque, bem como certa postura corporal, é magia. Nunca deverá ser usado para fins mediúnicos, e somente em rituais magísticos com Iniciados de altíssimo Grau Iniciático. Não nos esqueçamos que estamos diante de um possante elemento alquímico, que é a música, que das Artes é a que vai mais fundo na alma, portanto...

(Umbanda - A Proto-Síntese Cósmica", pág. 262/263/276, 3º edição, 2002, F.Rivas Neto - negritos nossos)

Nosso amigo William de Ayrá, segue um Mestre que se contradiz com o a própria doutrina, e a tal "cobra cega" sou eu?

Antes não se podia tocar atabaque, usar em trabalhos mediúnicos, e de uma hora para outra pode? Por conta do quê? Quem determinou isto? O Sr. Caboclo Sete Espadas, que supostamente escreveu a "Proto-síntese", pode ser tão contraditório? Que astral é este que se contradiz ao bel prazer do seu médium?

Sinceramente, preferia ser um "sem origem e descendência" a seguir um Mestre que se contradiz nos proprios ensinamentos, como é o caso de meu querido irmão-de-fé, Mestre Obashanan. Aliás, pior do que seguir ensinamentos contraditórios é ratificá-los.
Quanto a isto, quero ainda dizer que não estou esperando, requerendo ou precisando do reconhecimento de Obashanan, Arapiaga ou de qualquer outro Umbandista. Qualquer coisa que venha da OICD e dos seus para mim sempre soará como elogio.

Quanto a gerar polêmica, longe de mim. Como alguém "sem origem e descendência", como quer o povo da OICD, em relação à minha pessoa, pode ter algum tipo de influência? Afinal de contas, um blog como este, que em dois meses (desde que foi instalado o contador e o gerador de estatísticas), teve somente 2.000 page views e mais de 840 acessos, não pode influenciar o trabalho ou "enfraquecer" o movimento de ninguém.

Exceto que meu amado irmão Obashanan esteja se referindo a exposição das contradições nas obras de seu Mestre como "enfraquecimento" de algum movimento.

O mais engraçado disto tudo, é que William de Ayrá afirma não haver nenhum problema entre os alabês da Religião. Mas o que é aquela acusação de plágio contra o Scritori, no site de "Yan Kaô", exceto problema entre "alabês"? A "quebradeira" foi tão grande, que o Sr. João Luiz chegou a procurar Mestre Fanho e gravar um video (parte 1 / parte 2) para auxiliar no libelo contra o Jorge Scritori e o Rubens Saraceni.

Na verdade, este tipo de posicionamento, diga-se de passagem, natural, por parte dos Integrantes da OICD, de tentarem "esconder o sol com a peneira", mesmo que as contradições e polêmicas criadas por eles mesmos estejam visíveis a qualquer pessoa que domine o idioma português, é um mistério para mim.

Será que eles acreditam uma simples afirmação de que algo não está acontecendo, fara que as pessoas fiquem hipnotizadas ou desaprendam a ler em língua portuguesa? Ou será um tipo de "ordem subliminar", para que todos finjam que o Movimento Umbandista encontra-se em "estado de graça", por que agora existem o CONUB, o CONSUB e a FTU?

Não há polêmicas?

Que bom... talvez Rubens Saraceni e Rivas Neto tenham feito as pazes e ninguém informou à mim. Certamente, Obashanan e Alexandre Cumino estejam, neste momento, tomando um café juntos.

Para finalizar, quero dizer ao amado irmão Yan Kaô, que não é minha intenção aparecer. Não vivo de vender discos, livros ou fazer shows, como o preclaro confrade. Portanto, o show man da Umbanda é você e não eu.

Aliás, queria aconselhar ao meu amigo William a repensar seu nome artístico, já que a palavra "kaô" na gíra de Terreiro não soa como algo muito positivo. Acredito que ele saiba o que quer dizer quando dizemos que alguém está de "kaô"...

Aranauam. =)