Para quem não sabe, Rivas Neto chegou a convocar os outros Mestres da Raiz, dentre eles Yassuamy (Mário Tomar), Itaoman (Ivan H. Costa), Arabayara (falecido Sr. Olvídio), para uma reunião em São Paulo onde pretendia ser reconhecidos por eles como sucesso do Velho Matta. Desnecessário dizer que nenhum deles se deu ao trabalho, visto que nunca reconheceram Rivas Neto como Mestre da Raiz de Guiné, quem dirá como líder da Raiz.
Antigamente, para quem se lembra e participou de verdadeiros "arranca-rabos" nas velhas listas "Umbanda Powerline" e "Saravá Umbanda", os discípulos e simpatizantes de Rivas Neto chegavam a extremos para defender a legitimidade sucessória do mesmo, assim como os conceitos e preceitos da assim chamada "Umbanda Esotérica" e os vários ataques que o Arapiaga fazia as outras doutrinas e ritos em seus livros.
Enfm, por um bom tempo, Rivas Neto pegou carona na fama de W.W. da Matta e Silva, se arvorou sucessor, discípulo preferido, condutor da Raíz de Guine, chegando ao ponto de afirmar que o advento de Pai Guiné de Angola, era apenas a preparação para o [advento] de Caboclo Urubatão da Guia. Nesta concepção, portanto, Mestre Yapacani viria como uma espécie de "abre alas" para que o "yamunisiddha" surgisse.
Mas, ao que parece, Rivas Neto enterrou em definitivo suas pretensões, e procurando caminhos mais lucrativos, hoje abandonou de vez a Umbanda Esotérica, não faz mais questão de ter nenhum tipo de ligação com a memória e idéias de Mestre Yapacani e, pasmem, confessa não mais concordar com muito do que Pai Matta escreveu e fez, assim como do que ele [Rivas Neto] escreveu em suas próprias obras.
Vejamos este trecho de sua entrevista:
Jornal Esotera: a oicd tem conhecimento de alguma Instituição no Rio de Janeiro que pratique a Umbanda dita esotérica? Saberia dizer se existem semelhanças ou diferenças em relação aos vários tipos desta Umbanda?
Pai Rivas: Até mesmo na oicd não praticamos a Umbanda esotérica. A palavra esotérica significa “interna”. Então, todo templo de Umbanda tem sua parte interna e externa. Este nome de Umbanda esotérica na Ordem Iniciática deveu-se ao fato de, numa determinada época da minha vida, eu ter me ligado, aliás com muita honra, a Wilson da Mata e Silva. Dizem que ele fazia Umbanda esotérica, e fazia mesmo. É que ele gostava de fazer uma Umbanda separada da forma. Quando o conheci, eu já tinha uma formação oriunda da nação (candomblé) e tinha passado também por vários setores da Umbanda. Quando vi pela primeira vez a Umbanda de Mata e Silva, achei-a muito coerente. Mas não acho que possa ser a única. Inclusive, muitas coisas que ele fazia, mudei meus conceitos e hoje não faria mais. Confesso que a achava única e mudei minha forma de pensar. Se você achar que a sua é a única, então você não tem nenhuma. A Umbanda é boa porque todas as formas de praticá-la têm o seu valor. Entendo que a tradição da Umbanda é a constante mutação. Nós estamos em construção, somos uma unidade aberta. Se é uma unidade aberta, eu não posso ter dogmas absolutos. “...olha, isto é assim e acabou...” Não aceito isto. Não tenho receio em dizer pra ninguém que muita coisa que escrevi, em muitas obras, eu até mudaria. Isto eu já falei várias vezes em público e até na televisão. Mudaria porque não tenho a última resposta, e isto acontece porque não tenho a última pergunta. O que o mundo espiritual escreveu, encaremos assim: “estas verdades são relativas. Aguarde, pois novas verdades virão...” Não descarto a Umbanda esotérica, ela tem a sua importância, mas não como única. (negrito e itálico nossos)
Percebam que outrora Rivas Neto fazia pequena ou nenhuma menção ao fato de ser oriudo dos Cultos de Nação, mais precisamente do Omolokô, e agora faz questão de mencionar suas origens dentro dos mesmos. Nada contra os Cultos de Nação, em absoluto. Mas acredito que coerência é a palavra-chave para qualquer pessoa, em especial alguém que pretende ser líder de alguma coisa, como é o caso do Arapiaga.
Na verdade, esta "escola da síntese" nada mais é do que uma imensa SALADA ritualística, onde querem agradar à "gregos e troianos", fazendo uma "umbanda" diferente a cada dia da semana. Um dia temos o Omolokô, no outro os ritos conforme preconizados por Matta e Silva, no seguinte a chamda "umbanda traçada"... só falta arrumar um dia para "bater" um Candomblé básico. Aliás, recentemente, tomei conhecimento de que até sessão de Catimbó tem espaço na OICD.
Isto me lembra de um dito popular: fazer muitas coisas ao mesmo tempo é sinal de que não faz nenhuma bem.
O mais engraçado nesta história, porém, é ele afirmar que mudaria muita coisa que escreveu, pra depois dizer sobre uma suposta relatividade dos conceitos dados pelo Astral.
Ora, faça o favor de não confundir impressões e opiniões pessoais como conceitos do Astral.
Gostaria muito de perguntar ao Arapiaga o que mudou no Catimbó, por exemplo, ou na Umbanda traçada, ou nos "famigerados sacudimentos", no tal "Zé Pilintra, que é Pilantra mesmo", conforme o mesmo expõe em sua obra "Lições Básicas de Umbanda" e outras mais, incluso "Exu - O Grande Arcano". Terá sido relativa também a visão (viagem astral ?!?) que o mesmo narra em "Lições Básicas", onde vai a um local e vê as entidades que se denominam "Maria Padilha" e "Zé Pilintra" trabalhando com magia negra e atacando uma consulente?
Na verdade, não são os conceitos do Astral que são relativos e sim a conveniência de Rivas Neto. Apesar de toda a propaganda que ele fez na tentativa de herdar a fama e a obra de Matta e Silva, a Umbanda Esotérica, por ser uma doutrina que requer estudo, dedicação, paciência e tempo para ser assimilada, assim como não admitir verdadeiras manifestações carnavalescas, como o uso de cocares, roupas vistosas e penduricalhos vários, não fez o sucesso financeiro que o Arapiaga esperava.
Ou seja, a Umbanda Esotérica, tida como elitista, que condena sacrifícios de animais, roupas que mais parecem fantasias, incluso cocares, espadas, lanças e tudo mais, não tinha repecursão junto àqueles que continuam querendo "girar' com "oguns" vestidos com armaduras romanas ou "exus" que usam capas vermelhas e pretas, cartola e tridentes. Esta Umbanda de "roupa branca", sem holocaustos, atabaques e carnaval, não dá retorno financeiro, porque a maioria quer é fetichismo exacerbado.
Para terminar, quero dizer, afirmar mesmo, que a VERDADE é uma só. Ela não se encontra, em sua forma absoluta, em nenhuma doutrina, na cabeça de nenhum Mestre, Pai-de-santo, Pastor, Padre, Bispo, Papa, ou seja lá os títulos humanos inventados para afagar os egos de uns e outros.
A Verdade é atemporal, assim como Aquele de quem Ela emana: D-us. Ele que é O mesmo hoje, ontem e será amanhã, não relativa conceitos e muito menos temporaliza verdades. Exceto, é claro, para aqueles que, apesar de um diploma de curso superior na parede, insiste em adaptar "verdades" e sua própria consciência (se é que tem uma) para engordar sua conta bancária.
Integra: http://www.caminhodapaz.com.br/entrevista/pairivasneto.htm