Na semana que passou resolvi gozar de merecidas "mini-férias", por isto fui para a casa de amigos na cidade de Conceição do Mato Dentro, considerada a "Capital do Eco-turismo" de Minas Gerais.
Na verdade, a cidade era minha escolha natural. Além de meu filho, minha ex-esposa, seu marido e filho terem fixado residência por lá há um ano e meio, temos alguns interesses na cidade, dentre eles o Grupo da Fraternidade de Umbanda Esotérica Vozes de Aruanda "Alafoshé" e o 128º Grupo de Escoteiros "Daniel de Carvalho", do qual sou orgulhoso Chefe da Tropa Sênior. Aliás, diga-se de passagem, meu interesse pelo Escotismo só é superado pelo meu amor à Umbanda, mas ouso dizer que hoje ambos os movimentos estão ocupando o mesmo espaço em meu coração.
Escolhi, não por acaso, o período entre 17/06 - 22/06 para meu descanso. Isto porquê na cidade, assim como em outras próximas, acontece o Jubileu de Bom Jesus do Matozinhos. No belíssimo Santuário de Bom Jesus do Matozinhos (foto), milhares de pessoas, desde o dia 13/06, exercitam sua fé, em missas diárias que começam às 05:00 horas da manhã, anunciada com a chamada "ronqueira" (10 tiros de "canhão" que são ouvidos em toda a cidade) e termina da mesma forma por volta das 22:00 horas. Durante todo o dia os alto-falantes do Santuário "transmitem" os acontecimentos dentro do mesmo, fazem anúncios de utilidade pública e obituários. Enfim, uma típica cidade do interior de Minas Gerais, onde a maioria esmagadora da população é (ou se diz) católica.
Conceição do Mato Dentro... cidade interessante, muito boa para se morar... clima ameno, cercada por uma bela serra, cheia de belezas naturais, indíce de violência baixíssimo, uma população hospitaleira, simples, simpática, onde até hoje as pessoas são conhecidas como filhos do "Sr. fulano ou de Dona sicrana". Como toda boa cidade do interior, porém, a fofoca, a maledicência, o tomar conta da vida alheia é uma constante, por isto que, não raro, sabemos da vida de todos sem ao menos sair de casa.
Ali, naquele pequeno pedaço do paraíso, a maior das tradições, tirando o famoso Jubileu, é tomar conta da vida alheia, incluso em se tratando de religião e fé.
Apesar de uma postura ecumênica da parte do pároco local, não se tem notícias, pelo menos oficialmente, de uma Casa de Umbanda naquela cidade. Nosso próprio Grupo funciona de forma discreta e fechada e mesmo assim já circula na cidade que algumas pessoas têm se reunido para "fazer macumba" na casa de "fulano" e alguns dos membros são taxados e apontados como "macumbeiros" na rua.
Não que nos afete... longe disto... mas quando tais comentários vêm de senhores e senhoras distintas, que deveriam estar fazendo mais de suas vidas do que tomando conta da vida alheia e vilipendiando uma religião (e pessoas) que não conhecem, há de se pensar no quanto, realmente, são "distintas" tais pessoas.
O mais engraçado é que estas pessoas se incomodam profundamente com o que é feito por um grupo de adultos, livres, de bons costumes, que apenas exercem o seu direito constitucional de professar o credo que quiserem, mas não reclamam ou maldizem o fato da Igreja Católica Romana impor uma ladainha de 17 horas, durante duas semanas, através do Santuário, inclusive para os não católicos que ali residem.
Hipocrisia ou servilismo mascarado de "tradição"?
Acredito, sinceramente, que as duas alternativas são corretas. Na verdade, a foto ao lado retrata bem esta realidade. Esta foto foi tirada em uma das barracas que cercam o Santuário de Bom Jesus do Matozinhos, aliás um local que se vende de tudo, de bebidas alcóolicas, dvd e cd piratas, roupas com marcas falsificadas, panelas, capas para celulares, eletrônicos de origem para lá de duvidosa, assim como alimentos dos mais variados (de origem e higiene igualmente duvidosas...), tudo com a benção das autoridades locais (que fazem vistas grossas para o tanto de muamba e falsificação vendidas), como para as condições precárias de higiene dos alimentos comercializados. Claro que o pároco da cidade não se importa em ver a Senhora Aparecida ao lado de um caboclo e um nível abaixo de um "exu", aliás, vários deles, incluso imagens de "pomba-gíras" semi-nuas, desde que os impostos e autorizações de comércio tenham sido pagas e o percentual da vendas caiam no gasofilácio em forma de doações e ofertas ao Santuário.
Nada tenho contra os vendedores, as autoridades e até mesmo o pároco da cidade. Todos estão fazendo a sua parte e sobrevivendo neste competitivo mercado da fé, onde a cada dia as seitas e Igrejas evangélicas vem dominando, não por uma questão espiritual, mas financeira. Tenho lá minhas reservas em relação às imagens que, muito longe de representarem nossos queridos Caboclos e Exus, passam uma imagem negativa e errônea destas portentosas Entidades, mas vá lá... cada um sabe do que gosta e do que precisa...
O mais engraçado é que estas pessoas se incomodam profundamente com o que é feito por um grupo de adultos, livres, de bons costumes, que apenas exercem o seu direito constitucional de professar o credo que quiserem, mas não reclamam ou maldizem o fato da Igreja Católica Romana impor uma ladainha de 17 horas, durante duas semanas, através do Santuário, inclusive para os não católicos que ali residem.
Hipocrisia ou servilismo mascarado de "tradição"?
Acredito, sinceramente, que as duas alternativas são corretas. Na verdade, a foto ao lado retrata bem esta realidade. Esta foto foi tirada em uma das barracas que cercam o Santuário de Bom Jesus do Matozinhos, aliás um local que se vende de tudo, de bebidas alcóolicas, dvd e cd piratas, roupas com marcas falsificadas, panelas, capas para celulares, eletrônicos de origem para lá de duvidosa, assim como alimentos dos mais variados (de origem e higiene igualmente duvidosas...), tudo com a benção das autoridades locais (que fazem vistas grossas para o tanto de muamba e falsificação vendidas), como para as condições precárias de higiene dos alimentos comercializados. Claro que o pároco da cidade não se importa em ver a Senhora Aparecida ao lado de um caboclo e um nível abaixo de um "exu", aliás, vários deles, incluso imagens de "pomba-gíras" semi-nuas, desde que os impostos e autorizações de comércio tenham sido pagas e o percentual da vendas caiam no gasofilácio em forma de doações e ofertas ao Santuário.
Nada tenho contra os vendedores, as autoridades e até mesmo o pároco da cidade. Todos estão fazendo a sua parte e sobrevivendo neste competitivo mercado da fé, onde a cada dia as seitas e Igrejas evangélicas vem dominando, não por uma questão espiritual, mas financeira. Tenho lá minhas reservas em relação às imagens que, muito longe de representarem nossos queridos Caboclos e Exus, passam uma imagem negativa e errônea destas portentosas Entidades, mas vá lá... cada um sabe do que gosta e do que precisa...
Mas sempre levantarei minha voz contra este bando de hipócritas sem o que fazer, pessoas já de idade, com a vida estabilizada, que poderiam fazer uso muito melhor de seus dias nesta terra ao invés de ficar fazendo vistas grossas para alguns descalabros políticos e religiosos da cidade e tomando conta da vida de pessoas que apenas querem exercer sua religiosidade livremente, sem serem taxadas disto ou daquilo. Alguns senhores e senhoras distintos de Conceição do Mato dentro deveriam se preocupar mais com o que acontece dentro da própria casa ao invés de vigiar o quintal dos outros.
Fico imaginando se não foram fatos como este que fez com que Jesus Cristo chicoteasse os mercadores no Templo e chamasse os fariseus da época de "bando de víboras" e "túmulos caiados".