domingo, dezembro 21, 2008

A UMBANDA SOMOS NÓS

Tenho o "péssimo" hábito de não me conformar com a mesmice, com frases prontas, com convenções, imposições, modas e unanimidades. Em outras palavras, não sigo nenhum rebanho, nunca me permito ser mais uma ovelha no meio dele.

Gosto de ser livre, pensar por mim mesmo, pesquisar, inquirir, contestar, conhecer motivos, razões, circunstâncias, e não simplesmente aceitar qualquer coisa, que qualquer um publique e ateste como sendo uma "verdade" por parte do Astral Superior.

O movimento umbandista carece de pensadores, de gente que esteja mais interessada em analisar profundamente questões práticas dentro da religião do que ficar fazendo propaganda para este ou aquele "líder", esta ou aquela instituição.

Hoje em dia, o que vemos são enormes "rebanhos" seguindo líderes contraditórios, que investem em um enorme marketing pessoal, tentando se destacarem em meio a comunidade afim de lucrarem com isto. Esta conversa de "viver pela Umbanda e não dela" é apenas mais uma frase de efeito, dentre tantas que estas pessoas adoram, sem nenhuma aplicacão em termos práticos.

Não que eu seja contrário que instituições umbandistas lucrem com livros, cursos, cd's, dvd's, etc. Vivemos em um mundo material onde para sobrevivermos precisamos de dinheiro. Os Templos de Umbanda não conseguem se manter sozinhos, sem ajuda de seu corpo mediúnico, assim como do auxílio da assistência. Portanto, nada mais natural que se criem formas de angariar fundos.

Mas que seja de forma honesta, clara, direta, sem as frases de efeito vazias, sem a maquiagem da pseudo-humildade. Sejamos quem somos e ponto final.

Exatamente por ser autêntico, é que não perco tempo expondo neste espaço "receitas" de banhos, defumadores, mandingas, "características de Entidades" e coisas do gênero. Para quem procura isto já existem muitos sites, livros, revistas, etc, fazendo. Meu objetivo (deveras pretencioso) é fazer com que as pessoas que visitam este blog pensem, analisem, ressuscitem seu senso crítico em relação à Umbanda.

Como já venho alertando faz tempo, a Umbanda está ladeira abaixo. No que pese uma "bolha" de euforia e otimismo, levada a efeito por alguns setores do movimento umbandista que insistem em colocar na casa de milhões o número de adeptos, estamos encolhendo a cada dia.

Esta "bolha" um dia irá estourar, já que aqueles que hoje estão encabeçando este movimento do "vale-tudo", com certeza absoluta, mudarão tudo dentro de pouco tempo. São contraditórios, instáveis, convenientes. Basta que leiam com atenção as suas obras e vejam o que estão praticando hoje e o que escreveram ontem.

Neste rastro, vemos que a política tomou de assalto nossos Terreiros, baseando-se na balela de que a Umbanda necessita de representantes políticos para defendê-la de seus opositores e da discriminação religiosa. Com isto oportunistas se arvoram como "verdadeiros defensores" da comunidade, lançam candidaturas, angariam apoio de lideranças conhecidas e seguem com o plano de se elegerem para "arrumarem tudo", em especial suas próprias vidas.

Vivemos hoje a época dos "salvadores da pátria" dentro do movimento umbandista.

É a fase dos "messias", dos "falsos profetas", que tal e qual as sereias mitológicas seduzem a maioria com seus cantos doces e sublimes, levando-os ao inevitável encontro com os arecifes. A mensagem deles é "não pense, não questione, não fale, não ouça... deixe que eu faço isto por você". Seja bem vinda à minha casa, disse a aranha à mosca...

A Umbanda, assim como qualquer outra religião, existe por conta de seus adeptos. Portanto a sobrevivência de nossa religião e de suas tradições é de única e exclusiva responsabilidade de cada um de nós.

O último verdadeiro Messias morreu crucificado há 2.000 anos atrás.