sábado, julho 19, 2008

KUNG FU PANDA

Era uma vez um urso panda chamado Po, que vivia em um pequeno vale na antiga China a vender marcarrão na loja de seu pai. No ponto mais alto deste vale, encontra-se o Castelo de Jade onde a tartaruga Mestre Oggway e seu discípulo, Mestre Shifu (um animalzinho peludo que não consegui identificar), são os guardiões do "Pergaminho do Dragão" e treinaram cinco grandes guerreiros: a Tigresa, o Garça, a Serpente, o Macaco e o Louva-Deus.

Diante do perigo representado pelo trigre-das-neves Tai Lung, antigo discípulo do Mestre Shifu que se tornou mau, os dois Mestres decidem que chegou a hora de escolher dentre seus alunos aquele que ficará conhecido como "Dragão Guerreiro" e terá acesso ao ensinamentos do pergaminho sagrado que ajudará a derrotar o malvado Tai Lung.

Não vou além disto para não estragar a surpresa para aqueles que pretendem assistir ao filme (que recomendo...), mas posso dizer que todo o desenrolar do filme se resume em.

A grande evolução do persnagem principal, o panda Po, nada tem a ver com conquistar a donzela, salvar o planeta, conquistar um trono ou qualquer daqueles enredos tão repetitivos e manjados de sempre. O panda deve aprender a ter fé em si mesmo e superar-se.

Mas - deve estar se perguntando o leitor - qual a ligação deste desenho com a Umbanda ?

Obviamente, a fé é parte fundamental de toda e qualquer religião. Mas o enfoque não é crer em algo e sim em si mesmo.

No desenho, o panda Po é levado a conhecer os mistérios da arte do Kung Fu, mas apenas o conhecimento da técnica, dos segredos, não seriam suficientes para que ele cumprisse a sua missão. Ele precisava crer que podia... devia superar-se.

O mesmo acontece na Umbanda.

O médium encontra o seu "mestre", "babalorixá" passando a participar daquela Casa espiritual. Não raramente (e isto tem sido um grave problema no Meio Umbandista) diviniza seu pai espiritual, achando que está diante de um semi-deus, um avatar, que possui uma espécie de "linha direta" com o Astral Superior, enquanto você é somente um iniciante, alguém tão pequeno diante da grandiosidade mediúnica do "babá" que se esquece da própria mediunidade.

Não raramente os médiuns são desencorajados a aprender, a ler, pesquisar. Alguns "babás" não querem que eles aprendam nada, que desenvolvam seu potencial mediúnico e passam a criar "estórias", quizilas, demandas, "guerras de orixás" até mesmo, pasmem, afirmar que alguém "amarrou" as Entidades daquele pobre crédulo.

Por outro lado, criam uma imagem divina de si mesmos, recebendo Entidades "poderosas", chefes disto e daquilo. Estes "babás" são do tipo que "lideram" em todas as linhas, seja a Umbanda, a Kimbanda, o Omolokô e até mesmo no Catimbó... conhecemos um tipo assim.

Enquanto isto, você, o pobre do iniciante, que não sabe nada de seu passado (afinal, seu "babá" não irá revelar que, como ele (pretensão das pretensões) você é uma espécie de "santo eremita", que por muitas encarnações vem ajudando a humanidade com seus conhecimentos), não se prepara para o presente, nada vislumbra do futuro e quando as Entidades que o assistem se manifestam, ficam em um canto esquecido, sem o menor respeito de ninguém.

Então, você continua acreditando em tudo que vem daquele que se diz seu "pai", mas deixa de crer em si mesmo, não busca superação, evolução em seu desenvolvimento espiritual, se atrela indefinidademente aos conceitos e preceitos pregados pelo "babá" (por mais contraditórios e ilógicos que eles soem) e assume a sua condição submissa, imutável, de jamais ser NINGUÉM espiritualmente falando. Afinal de contas, pensa consigo mesmo, é um previlégio estar naquela Casa, com aquele "portentoso condutor de almas".

Mas, um belo dia, sentindo que algo está errado, que existe um vazio dentro de si, passa a buscar uma resposta.

Então começa a participar de workshops, seminários, congressos, conselhos, faculdades... devora livros, adquire o máximo de conhecimento que esteja disponível... mas esquece-se de olhar para dentro de si mesmo.
Pois é...

A resposta é tão simples, está tão evidente, que não conseguimos enxergá-la.

Caso não tenha em si mesmo, será eternamente alguém facilmente manipulável, acreditará que enquanto o seu "poderoso babá" trabalha com toda a sorte de Entidades superiores, você está fadado a ser o eterno cambono, o coadjuvante, o "joão ninguém" da Umbanda.

Diferente do que os hipócritas de plantão possam dizer, com o eterno "blá, blá, blá" de "humildade", "eternos aprendizes", não é este o ponto.

A questão é: você é medium, tem a cobertura de Entidades, possui uma missão.
Portanto, cumpra-a.

Não se preocupe com os graus de seus Guias e sim com o que eles podem fazer para auxiliar à você e ao seu próximo. Não queira saber quem você foi no passado antes que descubra quem é no presente.

Mas, principalmente, acredite que você é uma pessoa especial e não permita que NINGUÉM, incluso o seu poderoso "babá", diga o contrário.

Foi isto que o panda Po fez... imite ele.