domingo, junho 29, 2008

TENDA ESPÍRITA VOVÓ JOAQUINA DE ARUANDA

Foi com imensa satisfação que estive na cidade de Jaboticatubas neste último sábado (28/06), aceitando o cordial convite de minha amiga e Irmã-na-Fé Jane Silva, para visitar o "Recanto de Vovó Joaquina", sub-sede da Tenda Espírita "Vovó Joaquina de Aruanda", cuja o Templo principal está localizado no bairro Esplanada, em Belo Horizonte.

Na ocasião fui muito bem recebido pelo Sr. Estadeu e sua irmã, Dona Vera, assim como por todo o corpo mediúnico daquela Casa de caridade, onde participamos da gíra mensal com os Senhores Exus Guardiões, seguida de "passes" com os Srs. Caboclos.

Com uma assistência significativa, aproximadamente 70 consulentes, houve o atendimento normal com as Entidades, assim como sessões, em local anexo ao Terreiro, de Reiki e Shiatsu em um trabalho complementar de atendimento às pessoas que ali procuram auxílio.

A Casa tem uma forte influência doutrinária kardecista e católica o que, nem de longe, desmerece o excelente trabalho social, espiritual e mediúnico ali realizado. A harmonia e organização dos trabalhos, assim como a disciplina dos médiuns, e, claro, o número significativo de pessoas que ali se dirigem em busca de alento, são a prova disto.

Ao final dos trabalhos, já por volta das 19:00 horas (inicia-se às 15:00 horas), foi servido um delicioso caldo misto, que não somente ajudou a quebrar o longo período de jejum dos presentes, mas também nos auxiliou a "espantar" o frio, já que a temperatura estava próxima dos 20° C.

Enfim, um verdadeira Casa de Umbanda, com trabalhos sérios, positivos, como fazia muito tempo eu não tinha o prazer de conhecer.

Ao Sr. Estadeu e Dona Vera, assim como ao simpático e acolhedor corpo mediúnico da Casa, sem esquecer dos consulentes que ali se encontravam (em especial um grupo familiar, onde viamos 3 gerações de Umbandistas : avó, mãe e netas), meus agradecimentos pela recepção e por um dia de sábado extremamente agradável na companhia de todos vocês.

Em especial, minha sincera gratidão ao Adir, que com toda a sua simpatia e boa vontade nos propiciou uma "carona" até Jaboticatubas (já que o ônibus estava lotado), assim como nos recebeu com toda fidalguia em sua residência após os trabalhos.

Aos amigos Ângela, Raquel, Alessandra, Thadeu, Antônio, Kate, Maurício, Junior Rajão e esposa, agradeço pela amizade e acolhida.

Recebam, meus novos amigos, meu fraterno e sincero Saravá.

Ricardo Machado
(Ubajara)

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Serviço:

A Tenda Espírita Vovó Joaquina de Aruanda, tem gíras semanais aos sábados, começando às 14:00 horas, em seu Templo situado à Rua Antônio Olinto, 955, bairro Esplanada, Belo Horizonte/MG. As gíras com os Senhores Exus Guardiões são mensais em sua sub-sede na cidade de Jaboticatubas/MG. Maiores informações junto a Coordenação.

A Tenda também faz a "campanha do kilo", todo segundo domingo de cada mês.

Download dos pacotes de fotos (ZIP - aprox. 12 mb): Arq 1 / Arq 2 / Arq 3

sexta-feira, junho 27, 2008

CABOCLOS DE UM BRASIL CABOCLO


Um dos mais belos vídeos que já assisti sobre o Candomblé de Caboclo.

Mostra pessoas realmente comprometidas com a sua fé e tradições, louvando seus Orixás, Guias e Protetores de forma autêntica. No que pese nossas diferenças doutrinárias e ritualísticas, fica aqui o meu respeito à estes Irmãos-de-Fé, visto que não se corrompem, não se vendem e, muito menos, modificam seus rituais, preceitos e conceitos seguindo os ventos do "mercado religioso", em busca de dinheiro, prestígio e poder como temos visto no atual movimento umbandista.

UMBANDA DE "HOGWARTS": QUERO SER COMO HARRY POTTER

Todas as vezes que digito a palavra "Umbanda" na ferramenta de busca do Google me deparo com algo surpreendente e, não raramente, decepcionante ligado à nossa Religião.

Hoje encontrei o blog de um determinado "Templo", que apesar de afirmar ser uma entidade religiosa sem fins lucrativos, mantem um "link patrocinado" junto ao Google, recurso este oneroso (algo em torno de R$ 800,00, para o pacote básico) e próprio de instituições comerciais.

Mas o problema, na verdade, não é este. Afinal de contas, todos temos o direito de divulgar nosso trabalho seja lá da maneira que for. Porém, quando se entra no tal blog, vemos que a realidade é outra.

Existe por lá a oferta de um tal Curso Iniciático de Mediunidade", onde, dentre outras coisas, o conteúdo programático prevê Noções básicas de como cuidar do Anjo da Guarda, O segredo das ervas e essências, A Magia de Defesa e Proteção, História do surgimento da Umbanda e da Mediunidade. Os Chácras (Centros de Forças) e suas correspondências com os ORIXÁS. As sete linhas de Umbanda e Atribuições de cada Orixá. Manifestação Mediúnica e atuação das Entidades na Umbanda (Caboclos, pretos velhos e crianças). Exus, os Verdadeiros Guardiães. (sic)

Apesar da curiosa matéria "como cuidar do Anjo da Guarda", como se este fosse um animalzinho de estimação que dependesse de nós, humanas criaturas, para sua subsistência, nenhuma novidade, visto que coisas assim vemos até em jornais e revistas, ensinadas pelos "gurus das estrelas" e coisa que o valha. Só mais uma prática por parte daqueles que ignoram os verdadeiros fundamentos da Umbanda.

Então - pergunta o arguto leitor - qual o problema?

Temos, na verdade, dois problemas sérios (três, se contarmos os erros de grafia e gramática do texto):

O primeiro é a pecha de "iniciático" do curso.

No que pese o dicionário definir "iniciação" como ato de dar ou receber os primeiros elementos de uma prática ou os rudimentos relativos a uma área do saber, o anúncio deste curso leva o interessado a pensar que será "iniciado" no sentido místico, esotérico da palavra. Na verdade, o anúncio leva ao ao erro, é um engodo, visto que ninguém pode se dizer Iniciado de Umbanda com um cursinho de três meses.

O outro problema é a tal "Magia de Defesa". Isto me remete a uma das disciplinas ensinadas na fictícia "Escola de Magia de Hogwarts", da série de livros infanto-juvenis "Harry Potter", chamada "Defesa contra a Arte das Trevas".

Talvez tal matéria verse, dentre outras coisas, em como conjurar o "patrono" (expecto patronum) ou como se defender de algumas das chamada "maldições imperdoáveis" (cruciatus, imperius, avada kedavra) ou, quiça, de como espantar "diabretes da cornualha", "lobisomens", "kappas", "hinkypunks" e o "bicho-papão", este, em especial, com o feitiço "ridiculus". (não esqueçam o manejo e a torção correta da varinha mágica e do pulso, respectivamente).

Infelizmente, este não é um caso isolado. Na verdade citei este "templo" simplesmente para mostar como os oportunistas, famosos ou desconhecidos, estão se locupletando com esta moda ridícula de formar "magos", "médiuns", "teurgos", "mestres" e "hierofantes".

Se vc tem tempo, dinheiro e o mínimo de credulidade, então está apto a se tornar um "mago", com um "grau", reconhecido por todos, e somente por eles, os seguidores daqueles que ministram estes ciusos. Na verdade, não existe nenhum outro pré-requisito para que se candidate ao "cargo", tanto que até o nosso simpático cachorrinho "chegou lá", como podemos ver na foto que ilustra este artigo.

Para encerrar, peço agô ao Portentoso Caboclo Mirim para parafraseá-lo:

"Umbanda é coisa séria para gente séria."

quarta-feira, junho 25, 2008

POLÍTICA UMBANDISTA

Nesta era de democratização da informação, onde a cultura e o saber, de forma geral, estão acessíveis à todos, onde as distâncias diminuiram e todo (ou quase todo) conhecimento humano está ao alcance de um click do nosso mouse, vivemos um momento muito peculiar no Movimento Umbandista.

Sendo a internet um veículo de comunicação relativamente barato e completamente à disposição de, praticamente, qualquer pessoa deste mundo, vemos a multiplicação de idéias, conceitos, doutrinas, religiões conhecidas (e desconhecidas) pululando por ai. O proselitismo, mesmo que disfarçado de "universalismo", corre solto, sendo que além dos interesses financeiros, temos agora grandes batalhas pelo poder temporal e político. Não estranhe: realmente uma coisa é diferente da outra.

Explico:

O assim chamado poder temporal é o exercício, efetivo, de um cargo político. Alguns "sacerdotes" que se dizem umbandistas querem ser deputados federais, estaduais e vereadores, ou seja, querem EFETIVAMENTE exercer o cargo público, posarem como autoridades e se beneficiarem de tudo que advir da posição.

Usando o Sagrado Nome da Umbanda, buscam apoio junto à Comunidade Umbandista e Candomblecista para a sua candidatura e eleição, arvorando-se de "defensores dos interesses" de tal coletividade, mas na verdade querem somente, e tão somente, usar todos como escadas para chegar ao poder, para quando ali estiverem nada fazer de concreto, significativo pela Religião que os ajudou a se elegerem.

Do outro lado temos aqueles que, apesar de não serem candidatos a cargo algum, estão por detrás dos que se candidataram. Estes desejam apenas o poder político, sem que apareçam ou coloquem suas reputações em jogo no caso (na verdade na grande probabilidade) de uma legislatura medíocre por parte daqueles que almejam as Câmara Federal , as Assembléias Legislativas e as Câmaras de Vereadores.

Estes, que se escondem na penumbra de todo o processo político eleitoral, são aqueles que hoje apoiam movimentos políticos dentro da comunidade religiosa Afro-brasileira, indicam candidatos, fazem campanha, para depois, nos bastidores, armarem seus conchavos e levar para a esfera política suas disputas e intrigas, dando continuidade a toda esta BAIXARIA que vemos dia-a-dia nas listas de discussão, nas comunidade virtuais e em sites diversos que têm o único objetivo de fomentar esta verdadeira "guerra civil" que vemos no assim chamado Movimento Umbandista.

O que me deixa mais intrigado é que os dois maiores líderes, pelo menos em termos de seguidores e simpatizantes (o que não quer dizer que sejam líderes na acepção da palavra...), Rubens Saraceni e Rivas Neto, não são candidatos à absolutamente nada, mesmo sabendo que uma possível candidatura, creio eu, até mesmo para Deputado Estadual (quiça Federal...) seria bem sucedida.

Não é de se estranhar?

A Umbanda, no Estado de São Paulo, pode ser dividida, pelo menos em questão de influênca, entre Rivas Neto e sua "Escola da Síntese" e Rubens Saraceni com sua "Umbanda Sagrada". Ambos têm seguidores espalhados por todo o Estado, inclusive entre lideranças qu não coadunam com as suas doutrinas, mas foram arrebanhadas por algum outro interesse, seja o CONUB, CONSUB, FTU, "Guerreiros do Axé", "Movimento Chega" e sabe-se lá o que mais estes dois ainda vão inventar.

A influência doutrinária de Rivas Neto em São Paulo é menor, com certeza, do que a de Rubens Saraceni, já que este, com seus livros que não falam nada com coisa nenhuma, que facilita a qualquer um ser "mago" da noite para o dia com seus cursos, até mesmo por sua própria origem humilde, tem um apelo, digamos, mais popular. Afinal de contas, Saraceni é o ex-açougueiro que virou escritor, médium, "mago", maçom, enfim, conseguiu um status e uma projeção no meio que, na verdade, todos estes que o seguem querem o mesmo, visto Alexandre Cumino que de uma hora para outra também virou escritor, pai-de-santo, editor de revista e tudo mais.

No caso de Rivas Neto, de origem também humilde (o pai era dono de ferro-velho, pelo que consta), esconde isto. Desde sempre procurou passar uma visão intelectualizada, moderna, erudita de si mesmo. Sempre fez questão de trombetear sua condição de médico cardiologista, sua suposta encarnação como um "Yamunishidda" (uma espécie de santo, de avatar, no esoterismo hindu), cercando-se de discípulos que, pelo menos os mais próximos, igualmente ostentam títulos universitários, vindo, em quase sua totalidade, das classe mais abastadas.

Como já disse em outro artigo, Rivas Neto apostou, por um bom tempo, todas as suas "fichas" na doutrina deixada por Matta e Silva, mas como a mesma soou um tanto quanto complicada para as massas e, sendo muito sincero, antipática para a maioria dos umbandistas acostumados a um africanismo e um fetichismo "pesado" na Umbanda, resolveu negar os ensinamentos de Mestre Yapacani, assim como as próprias coisas que escreveu, e tornar-se um cara mais smpático e comedido em sua críticas a bagunça que dizem por ai ser Umbanda, o que o aproximou dos africanistas, incluso o pessoal do Candomblé.

Com a criação da Faculdade de Teologia Umbandista, Rivas Neto, se não passou à frente, empatou o placar com Rubens Saraceni. Não reeditar sua obras, em especial "Lições básicas de Umbanda", onde tece vários comentários desabonadores contra alguns rituais e outras práticas dentro da Nação e da Umbanda, além de declarar sua origem no Omolokô e transformar a OICD praticamente em um Terreiro desta linha (com imagens, atabaques, cocares, guias de miçangas, etc...) foi um "golpe de mestre" do Arapiaga, já que aqueles que não leram não o farão mais visto a raridade de oferta das suas obras, com exceção da "Proto-sintese Cósmica".

Se hoje Rivas Neto, diferente de Saraceni, não tem aquela proximidade com o "povão", pelo menos foi "aceito" e visto com olhos melhores pelas lideranças religiosas afro-brasileira de São Paulo, em especial pelo SOUESP. Uma figura fácil nas festas, colóquios e demais atividades da OICD, FTU e CONSUB é Pai Jamil Rachid, ex-presidente daquele orgão.

Os candidatos apoiados por estes dois, assim como os presidentes e diretores das instituições e movimentos que idealizaram, são apenas os "pontas-de-lança", o aspecto visível da influência deles no meio umbandista. Como ambos têm afetos e desafetos na Comunidade, melhor colocar na frente candidatos que se declarem "filhos de Umbanda" e que tenham menos resistência da massa, alguns, como os advogados Antônio Basílio Filho e Hédio da Silva Junior, muito bem vistos e aceitos tanto no meio da Umbanda como do Candomblé. Estes dois, aliás, se tivessem sido mais humildes e começado a carreira política como vereadores, teriam sido eleitos com certeza.

Enfim, Saraceni e Rivas Neto não são candidatos simplesmente para não "queimarem" seus nomes em um sufrágio. A chance de sairem vitoriosos é apenas ligeiramente acima da possibilidade de amargarem uma vergonhosa derrota e, neste caso, perderiam prestígio e voz dentro de suas áreas de influência o que, para este dois que têm os egos maiores que a própria cidade de São Paulo, seria desastroso e economicamente inviável.

Quanto ao eterno candidato "umbandista", Pai Guimarães de Ogum, não tenho como tecer nenhum comentário. Não conheço o indivíduo, exceto por suas ruidosas e polêmicas participações em todas as listas de discussão sobre Umbanda, Candomblé e cultos de origem afro em geral. O que se fala nos bastidores e até mesmo nas citadas listas é que Pai Guimarães abraçou a Umbanda no ano 2000, que ninguém sabe de onde veio, de quem é filho, qual a sua ascendência iniciática para se denominar "pai-de-santo". Outras denúncias contra o mesmo, sérias e de caráter criminal, não puderam ser por mim comprovadas e, por este motivo, tenho-as, até prova em contrário, como mais um episódio das maledicências, calúnias e difamações tão comuns, infelizmente, no meio umbandista.

De toda forma, devemos todos ficarmos atentos a esta mobilização política no meio umbandista. Assim como o evangélico não deve votar em um pastor, o católico em um padre, os umbandistas e candomblecistas não devem votar em "pais e mãe-de-santo" simplesmente por pertencerem à mesma religião. Devemos analisar a conduta, experiência, vida pública, sacerdotal destes indíviduos, para depois decidirmos por votar neles. Aliás, analisar a vida pregressa de qualquer candidato, seja ele religioso ou não, é um dos pontos a ser observados para votarmos de forma consciente.

Encerrando, não acredite em promessas de campanha, discursos inflamados, textos sentimentais e bem escritos em sites ou listas de discussão. No Brasil, político é tudo igual: só muda o partido, o número do candidato e a religião.

TRABALHO DE MACUMBA: PAI-DE-SANTO GANHA AÇÃO TRABALHISTA NO AMAPÁ

O pai-de-santo Antônio Romão Batista ganhou na Justiça do Trabalho do Amapá uma ação em que cobrava a prestação de seus serviços a Olga Sueli Santana, proprietária do Frigorífico Polar.

A juíza Bianca Libonatti Galúcio determinou o pagamento de R$ 5 mil pelo trabalho de umbanda, que teria sido contratado por R$ 15 mil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A dona do frigorífico se recusou a pagar pelo serviço alegando que o trabalho do pai-de-santo não teve efeito. Batista recorreu então à Justiça do Trabalho, sob a justificativa de que havia prestado serviços ao frigorífico e teria de ser pago.

A juíza entendeu que houve relação de trabalho no contrato acertado, mesmo que verbalmente, e afirmou ainda que pessoas testemunharam o contrato quando foi acertado entre Olga e Batista.

Redação Terra

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Comentário:Quando leio notícias como esta chego a conclusão que o Poder Judiciário brasileiro está tão sobrecarregado, ineficiente, moroso, devido a falta de sensos de alguns (muitos) magistrados em dignar-se a aceitar e, pasmem, julgar uma ação como esta. Como já disse em outro post, o Estado, sendo laico, não tem competência para legislar ou intervir em assuntos religiosos de qualquer maneira.

Aliás, coaduna como este meu entendimento o Ministro Paulo Gallotti, do Superior Tribunal de Justiça, em recente julgado junto àquela Colenda Corte.

De toda forma, creio que o entendimento da magistrada foi equivocado. Não minha singela opinião não houve uma relação trabalhista entre o dito "pai-de-santo" e sim, se muito, uma relação comercial, não cabendo, portanto, a Justiça do Trabalho julgar tal demanda.

Exceto que o tal "pai-de-santo" fosse diariamente ao frigorífico, exercesse ali alguma função ou cargo, por um período determinado de tempo, não há relação trabalhista entre o contratante e o profissional
(neste caso, "macumbal") prestador de serviços. Havendo contrato de prestação de serviços, mesmo que verbal, a relação é comercial e não trabalhista.

Por outro lado, gostaria muito de saber se a magistrada determinou a assinatura da carteira, recolhimento de FGTS, INSS, pagamento de férias proporcionais e tudo mais que a CLT determina nestes cassos. Claro, por que se houve o reconhecimento do vínculo empregatício, o "pai-de-santo" tem direito de receber todos os direitos e verbas indenizatórias previstos em Lei.

Mas uma coisa, nesta história toda, me deixa curioso: o que será que a dona do frigirífico desejava para se comprometer a pagar uma quantia tão alta (R$ 15.000,00) para o dito "pai-de-santo"?

É como diz o Exu Sr. Sete...: quem deseja ser grande sem poder, fica pequeno sem querer.

segunda-feira, junho 23, 2008

SANTOS E EXUS: UMA VISÃO DA HIPOCRISIA RELIGIOSA NO INTERIOR DE MINAS GERAIS

Na semana que passou resolvi gozar de merecidas "mini-férias", por isto fui para a casa de amigos na cidade de Conceição do Mato Dentro, considerada a "Capital do Eco-turismo" de Minas Gerais.

Na verdade, a cidade era minha escolha natural. Além de meu filho, minha ex-esposa, seu marido e filho terem fixado residência por lá há um ano e meio, temos alguns interesses na cidade, dentre eles o Grupo da Fraternidade de Umbanda Esotérica Vozes de Aruanda "Alafoshé" e o 128º Grupo de Escoteiros "Daniel de Carvalho", do qual sou orgulhoso Chefe da Tropa Sênior. Aliás, diga-se de passagem, meu interesse pelo Escotismo só é superado pelo meu amor à Umbanda, mas ouso dizer que hoje ambos os movimentos estão ocupando o mesmo espaço em meu coração.

Escolhi, não por acaso, o período entre 17/06 - 22/06 para meu descanso. Isto porquê na cidade, assim como em outras próximas, acontece o Jubileu de Bom Jesus do Matozinhos. No belíssimo Santuário de Bom Jesus do Matozinhos (foto), milhares de pessoas, desde o dia 13/06, exercitam sua fé, em missas diárias que começam às 05:00 horas da manhã, anunciada com a chamada "ronqueira" (10 tiros de "canhão" que são ouvidos em toda a cidade) e termina da mesma forma por volta das 22:00 horas. Durante todo o dia os alto-falantes do Santuário "transmitem" os acontecimentos dentro do mesmo, fazem anúncios de utilidade pública e obituários. Enfim, uma típica cidade do interior de Minas Gerais, onde a maioria esmagadora da população é (ou se diz) católica.

Conceição do Mato Dentro... cidade interessante, muito boa para se morar... clima ameno, cercada por uma bela serra, cheia de belezas naturais, indíce de violência baixíssimo, uma população hospitaleira, simples, simpática, onde até hoje as pessoas são conhecidas como filhos do "Sr. fulano ou de Dona sicrana". Como toda boa cidade do interior, porém, a fofoca, a maledicência, o tomar conta da vida alheia é uma constante, por isto que, não raro, sabemos da vida de todos sem ao menos sair de casa.

Ali, naquele pequeno pedaço do paraíso, a maior das tradições, tirando o famoso Jubileu, é tomar conta da vida alheia, incluso em se tratando de religião e fé.

Apesar de uma postura ecumênica da parte do pároco local, não se tem notícias, pelo menos oficialmente, de uma Casa de Umbanda naquela cidade. Nosso próprio Grupo funciona de forma discreta e fechada e mesmo assim já circula na cidade que algumas pessoas têm se reunido para "fazer macumba" na casa de "fulano" e alguns dos membros são taxados e apontados como "macumbeiros" na rua.
Não que nos afete... longe disto... mas quando tais comentários vêm de senhores e senhoras distintas, que deveriam estar fazendo mais de suas vidas do que tomando conta da vida alheia e vilipendiando uma religião (e pessoas) que não conhecem, há de se pensar no quanto, realmente, são "distintas" tais pessoas.

O mais engraçado é que estas pessoas se incomodam profundamente com o que é feito por um grupo de adultos, livres, de bons costumes, que apenas exercem o seu direito constitucional de professar o credo que quiserem, mas não reclamam ou maldizem o fato da Igreja Católica Romana impor uma ladainha de 17 horas, durante duas semanas, através do Santuário, inclusive para os não católicos que ali residem.

Hipocrisia ou servilismo mascarado de "tradição"?

Acredito, sinceramente, que as duas alternativas são corretas. Na verdade, a foto ao lado retrata bem esta realidade.
Esta foto foi tirada em uma das barracas que cercam o Santuário de Bom Jesus do Matozinhos, aliás um local que se vende de tudo, de bebidas alcóolicas, dvd e cd piratas, roupas com marcas falsificadas, panelas, capas para celulares, eletrônicos de origem para lá de duvidosa, assim como alimentos dos mais variados (de origem e higiene igualmente duvidosas...), tudo com a benção das autoridades locais (que fazem vistas grossas para o tanto de muamba e falsificação vendidas), como para as condições precárias de higiene dos alimentos comercializados. Claro que o pároco da cidade não se importa em ver a Senhora Aparecida ao lado de um caboclo e um nível abaixo de um "exu", aliás, vários deles, incluso imagens de "pomba-gíras" semi-nuas, desde que os impostos e autorizações de comércio tenham sido pagas e o percentual da vendas caiam no gasofilácio em forma de doações e ofertas ao Santuário.

Nada tenho contra os vendedores, as autoridades e até mesmo o pároco da cidade. Todos estão fazendo a sua parte e sobrevivendo neste competitivo mercado da fé, onde a cada dia as seitas e Igrejas evangélicas vem dominando, não por uma questão espiritual, mas financeira. Tenho lá minhas reservas em relação às imagens que, muito longe de representarem nossos queridos Caboclos e Exus, passam uma imagem negativa e errônea destas portentosas Entidades, mas vá lá... cada um sabe do que gosta e do que precisa...

Mas sempre levantarei minha voz contra este bando de hipócritas sem o que fazer, pessoas já de idade, com a vida estabilizada, que poderiam fazer uso muito melhor de seus dias nesta terra ao invés de ficar fazendo vistas grossas para alguns descalabros políticos e religiosos da cidade e tomando conta da vida de pessoas que apenas querem exercer sua religiosidade livremente, sem serem taxadas disto ou daquilo. Alguns senhores e senhoras distintos de Conceição do Mato dentro deveriam se preocupar mais com o que acontece dentro da própria casa ao invés de vigiar o quintal dos outros.

Fico imaginando se não foram fatos como este que fez com que Jesus Cristo chicoteasse os mercadores no Templo e chamasse os fariseus da época de "bando de víboras" e "túmulos caiados".

terça-feira, junho 03, 2008

RESPOSTA A ENTREVISTA DE NEI LOPES À FOLHA DE SÃO PAULO

Abaixo, trecho da entrevista do escritor e compositor Nei Lopes. Comento entrelinhas:

O escritor e compositor popular Nei Lopes critica o afastamento de setores da umbanda das raízes africanas. "Essa umbanda não usa tambores e se pretende esotérica", diz. "É como se seus praticantes dissessem: 'Essa coisa de tambor, sacrifícios de animais, isso é coisa de selvagens! Nós somos civilizados'. Nessa oposição entre 'selvagem' e 'civilizado' é que está o racismo". Nei Lopes é o autor da "Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana" (Selo Negro Edições).

Folha - Como analisa a formação da umbanda?

Nei Lopes - O mito de origem da umbanda, na versão que tem como protagonista o médium Zélio de Moraes, é exemplar. Ele evidencia a busca de inserção dos despossuídos da sociedade brasileira no espaço religioso.Todo mito tem um fundo de verdade, que os eruditos chamam de "mitologema"; e, na história da umbanda, esse fundo é o episódio do médium Zélio. Mas antes já havia, além dos calundus coloniais, que não tinham organização social, comunitária, os candomblés, organizados, como se sabe hoje, desde antes de 1850.

Comentário: Estamos falando de UMBANDA, enquanto sistema filo-religioso e o eminente escritor vem falar de "calundus" e "candomblés" que nada têm a ver com a Umbanda.

Na virada para o século 19, a ialorixá baiana Mãe Aninha vinha de vez em quando ao Rio, onde inclusive fundou, por volta de 1906, uma filial de sua "roça", o Opô Afonjá, que funciona até hoje em Coelho da Rocha, São João de Meriti [Baixada Fluminense]. E a umbanda, herdeira direta de cultos bantos como o da cabula, cresceu certamente sob a influência desse prestígio do candomblé baiano, incorporando as figuras dos orixás jeje-nagôs e outros elementos.

Comentário: em Direito o ônus da prova é de quem alega. Se o eminente escritor puder provar, etimologica e antropologicamente que a Umbanda é herdeira direta dos cultos bantos, eu vou procurar o Terreiro de Candomblé mais próximo e me recolher à camarinha.

Mas o que fundamentalmente distingue a umbanda é o culto aos pretos-velhos, que não existem no candomblé. E esses pretos-velhos são representações de espíritos familiares bantos, da área de Angola, Congo e Moçambique (África centro-ocidental e oriental), daí seus nomes: Vovó Conga, Pai Joaquim de Angola, Tia Maria Rebolo, Pai Joaquim de Aruanda. O candomblé vem do Benin, da Nigéria, da África ocidental..

Comentário: Engraçado, não conheço nenhum tipo de culto à Caboclos, Crianças e Exus dentro dos Cultos de Nação. Talvez no Candomblé que o Sr. Nei Lopes praticou, havia por lá um monte de "catiços", incluso boiadeiros, marinheiros, ciganos e tudo mais. Pelo jeito existem mais coisas que distinguem a Umbanda do Candomblé.

Folha- Como o sr. se define sob o ponto de vista religioso?

Lopes - Minha mãe recebia uma preta-velha, mas não era umbandista. Nós tínhamos lá em casa nosso culto doméstico. Hoje eu cultuo orixás. Mas não sou candomblecista, como aliás já fui. Eu me dedico à forma de culto que em Cuba se conhece como santeria, que inclusive já tem muitos adeptos no Brasil. E cultuo esses orixás na minha casa. A definição, então, não é fácil. E por isso eu proponho que o IBGE inclua tudo na rubrica "religião africana", ou "religião de matriz africana", onde a umbanda, por ser cada vez mais sincrética, talvez já não caiba mais.

Comentário: acredito que o Sr. Nei Lopes deveria falar somente do que conhece e vivenciou, ou seja, Candomblé e Santeria. Como ele nunca foi umbandista, acredito que não deva falar do que não conhece. Não entendo esta insistência do pessoal da Nação em querer, por toda a lei, que a Umbanda seja uma "filha caçula", um "sub-produto" do Candomblé.

Folha- Qual é a diferença que o sr. distingue entre o candomblé e a santeria cubana?

Lopes - As diferenças são poucas, mas significativas. Restringem-se quase exclusivamente a particularidades litúrgicas, uso de instrumentos (aqui atabaques daomeanos, percutidos entre as pernas do tocador; lá, batás nigerianos, levados a tiracolo); diferenças nos elementos que compõem os assentamentos dos orixás etc. E é tudo uma questão de procedência: o candomblé da Bahia é basicamente um produto de Quêto, um reino localizado no atual Benin, antigo Daomé; e a santería cubana vem de Oyó, um outro reino, de onde parece ter vindo, também, o xangô de Pernambuco, que guarda muito mais semelhanças com a santeria que com o candomblé, principalmente no destaque que dá ao culto de Orumilá ou Ifá, o grande orixá do saber, do conhecimento, dono do Oráculo, em torno do qual gravita todo o conhecimento sobre os outros orixás iorubanos (nagôs, lucumis, ijexás etc.), sua mitologia e a liturgia do seu culto..

Folha- A umbanda aparentemente vem perdendo espaço para outras religiões. O sr. tem essa percepção?

Lopes - Todas as religiões de matriz africana vêm perdendo espaço para a truculência neopentecostal. Truculência que chega à agressão física, como na Bahia..

Folha- Muita gente que freqüenta centros não se declara umbandista. Por que será? Por medo? Vergonha?

Lopes - Essa ocultação é conseqüência do racismo brasileiro. A maioria das pessoas tem vergonha de assumir alguma coisa que remeta à África, à escravidão. Cultura negra só se for desafricanizada... é aí que a gente chega a uma coisa interessante. Existe uma vertente da umbanda que inclusive nega a origem africana da religião, buscando suas raízes na Índia. Tentam até provar que o nome umbanda (que deriva do quimbundo mbanda, ritualista, curandeiro) vem do sânscrito. Essa umbanda não usa tambores e se pretende esotérica; e é ela que vem se expandindo pela América do Sul e pelo mundo. É como se seus praticantes dissessem: "Essa coisa de tambor, sacrifícios de animais, isso é coisa de selvagens! Nós somos civilizados". Nessa oposição entre "selvagem" e "civilizado" é que está o racismo. Então, a intenção dos espíritos acolhidos pelo médium Zélio Moraes há cem anos parece que está se frustrando.

Comentário: O Sr. Nei Lopes passa a ser contraditório neste momento. Na verdade, a Umbanda pregada por Zélio de Moraes nunca teve entre seus fundamentos os uso de tambor ou a matança ritual. Então, por extensão do conceito de "civilizado" que ele deu, Zélio, por não praticar tais coisas, também era racista. Esquece o Sr. Nei Lopes, que o que hoje vemos como sacrífício animal, outrora era humano, e que houve uma evolução disto.

Sinceramente, não consigo perceber como o sacrifício de uma vida, seja ela de um animal ou de um ser humano, com dor, sofrimento, aniquilação, pode ser algo benéfico para alguém. Que Orixá é este que precisa de sangue? Que D-us tão imperfeito, que força espiritual é esta tão "humana" que necessita de holocaustos para poder atuar na terra? Orixá bebe, come, bebe sangue?

Será que respeitar a vida de um animal, dar direito à ele de viver, é racismo, desafricanização, ou bom senso? Bom senso em cultuar uma Força Superior que não precisa de absolutamente nada de material para fortificar seus filhos? Que não é sanguinário e tem todas as suas criaturas na mesma conta e importância?

Isto é coisa desta "Umbanda dita esotérica" ou de Adeptos de um Culto que acreditam que os Orixás que cultuam são mais perfeitos e puros que eles próprios?

Talvez o Sr. Nei Lopes também ache o mais respeitado e reverenciado Babalorixá, aliás, Aluwô Agenor Miranda um racista, visto que apesar de ser quem era várias vezes defendeu o fim de sacrifícios de animais nos Cultos de Nação, evocando exatamente a Natureza Divina dos Orixás, que não necessitavam disto. Aliás, foi ele quem disse isto: “A força do candomblé está no sangue verde das plantas e não no sangue vermelho dos animais.”

Na verdade, o Sr. Lopes dá um tiro (ops, tiro não porque é coisa de "branco racista", flechada...) com esta entrevista e, ai sim, seu preconceito contra a Umbanda, não somente a esotérica. Entrelinhas, Lopes desclassifica a Umbanda como religião, e se coloca na posição de "especialista" de uma doutrina que desconhece e que jamais praticou.

EXU - Video Clipe

A letra da música não é das melhores, mas a mensagem, felizmente, não traz nenhum tipo de referência à Exu como demônio ou coisa parecida, se bem que o barbudo com cara de demente dizendo "Exu é Orixá" era dispensável. O filme é muito bem feito, com uma excelente fotografia. Vale pelo ineditismo.

TRIBUTO A BABA ODONIRÊ (FLÁVIO SANDRY)

Hoje a minha tarde, porque não dizer, a minha vida, ficou mais triste.

Estava eu fazendo uma pesquisa de mensagens antigas em um grupo de discussão e deparei com a notícias de que Flávio Sandry, Babá Odonirê, ou como era carinhosamente chamado pelos seus filhos de santé, amigos e admiradores, Painn, foi chamado à presença de Olorum no início deste ano.

Tive a imensa honra e prazer de conviver com este exemplo de Umbandista por dois anos. O conheci na lista de discussão Umbanda Poweline nos idos do ano 2000, onde defendiamos nossas posições doutrinárias e pessoais de forma civilizada e amiga.

Em 2001, Painn foi um dos grandes apoiadores e responsável pelo sucesso das duas edições do ENUB - Encontro Nacional de Umbanda - realizados, naquele ano, na Fazenda Belo Vale, na cidade de Moeda/MG.

Painn, como gostava de ser chamado, sempre foi uma unanimidade no meio Umbandista. Alegre, brincalhão, profundo conhecedor dos fundamentos dos Cultos de Nação, assim como do Omolokô e da Umbanda, sempre exercendo o seu sacerdócio com dignidade, honestidade e, acima de tudo, competência.

Na foto acima, uma brincadeira dele, posando com a minha bata ritualística.
Ao lado, quando recebeu à mim (de branco), a Sra. Yamasarê (então minha esposa) e alguns de meus, então, filhos-de-santé de duas cidades do interior de São Paulo, em seu Templo na cidade de Campinas, em julho de 2001.

Painn deixará saudades, não somente pelo amigo, pelo pai, marido, profissional e sacerdote que era, mas por sua humanidade e amor pelas coisas da Umbanda.

Com certeza, as suas opiniões sensatas e ponderadas farão falta não somente no universo das listas de discussão, mas como para o Movimento Umbandista de forma geral, em especial na cidade de Campinas onde mantinha sua residência e seu Templo.

Fique com Oxalá, meu amigo... um dia nos reencontraremos em Aruanda.

Àsé Pupô, Babá...
Amigo é coisa pra se guardar
Debaixo de sete chaves
(...)
Qualquer dia, amigo eu volto a te encontrar
Qualquer dia, amigo , a gente vai se encontrar

CONCEITOS RELATIVOS OU CONVENIENTES?



"O diabo pode citar as Escrituras quando isto lhe convém"
William Shakespeare



Ontem ouvia um podcast que falava sobre atitudes contraditórias e incoerentes de um determinado "iniciado" ligado ao Rivas Neto, o que me fez chegar a conclusão que "contradição" e "incoerência" devem ser algum tipo de "ensinamento iniciático" na OICD, visto que a coisa já começa com o mestre.

Faz algum tempo que venho "cutucando" a questão do que o Rivas Neto escreveu em suas obras e aquilo que vem praticando hoje em dia na OICD. Aliás, este foi o grande motivo de "quebra-paus" homéricos nas listas de discussão entre eu e os discípulos do Arapiaga, que sempre vinham com uma conversa mole, uma verborragia vazia, sem início e fim, que longe de explicar as gritantes contradições entre o discurso e a prática (plagiando o Babajinan em seu debate com o Rodrigo Queiroz) apenas deixavam mais perguntas sem respostas.

Mas, um dia, Arapiaga deve ter acordado de um de seus "êxtases" místicos e revelado a resposta para as indagações que não somente eu, mas vários Umbandistas, seguidores, estudioso ou simplesmente simpatizantes das obras de Matta e Silva e, porque não dizer, do próprio Rivas Neto, tinhamos em relação as mudanças radicais e inexplicáves dos conceitos pregados por ele: os conceitos, as "verdades" escritas em suas obras (mesmo que supostamente trazidos por uma Entidade do Astral Superior) eram relativas e temporais.

Conversa para boi dormir !!!

Como escrevi em outro artigo, a mudança de conceitos e práticas por parte do Rivas e da OICD deve-se simplesmente à conveniência do mesmo em ter uma imagem de líder dentro do Movimento Umbandista. A tal "escola da síntese" é uma tremenda jogada de marketing, já que não seria possível para alguém estar à frente de uma Faculdade, que tem um conceito universalista, expondo práticas errôneas e espiritualmente falidas daqueles que ele necessita estar ao seu lado para dar legitimidade aos seus planos.

Rivas Neto tentou dominar a Umbanda Esotérica, legado de Matta e Silva. Lançou alguns livros, alguns simplesmente extratos de "Umbanda - A Protosíntese Cósmica", mas como não fez o sucesso e nem teve o retorno financeiro que pretendia mudou a estratégia.

Então, volta seus olhos às sua origens no Omolokô, Angola, e só Oxalá mais sabe de onde ele saiu, e passa a defender uma convergência, uma "síntese", onde, para resumir tal idéia, todo mundo está certo, independente das práticas que leva a cabo. Tudo é Umbanda, tudo pode, tudo é válido.

Mas nem sempre foi assim.

Na sua obra Lições Básicas de Umbanda (Editora Ícone, 3ª Edição ampliada e revisada, 1997), em sua página 48, 3º parágrafo, lemos o seguinte, in verbis:

(...) Nesses congás não há o uso de imagens, atabaques, palmas e outros objetos musicais. Também não há danças e nem roupas multicoloridas ou de tipo idèntico aos usados no culto da Nação Africana. Não há profusão de colares de conta de louça e vidro. Jamais há o uso de "cocares" e roupas que estilizem essa ou aquela Entidade. Não há também o uso, anacrônico e absurdo, de certos objetos primitivos, tal qual o arco e flecha, o machado, lanças, tacapes, etc.. No 1º modelo também não esse arsenal, essa parafernália improdutiva e fetichista que distancia o adepto da verdadeira Umbanda.

Engraçado... talvez por não ser um "iluminado" como o Rivas Neto, não consigo ver onde há o relativismo dos conceitos sobre o uso de atabaques, imagens, palmas, cocares, arco e flecha e outros "objetos primitivos" dentro dos rituais de Umbanda em 1997 e hoje em dia.

Aliás, Rivas Neto em uma das suas obras, assim como na extinta revista "Umbanda do Brasil", chega da dar explicações científicas sobre o efeito do som do tambor e das palmas sobre o psiquismo humano. Outrora o uso de cocares era considerado por ele como "parafernália improdutiva e fetichista", hoje o "caboclo" Urubatão da Guia (maleme, meu Pai, ele não sabe o que diz), pelo que percebemos em diferentes fotos e videos das gíras na OICD, tem uma coleção deles. Certamente, houve uma "nova revelação" por parte do Astral e o uso de cocares é um segredo iniciático há tempos oculto, que em 1997 não podia ser revelado àquele que se diz "Yamunisiddha", título pomposo retirado do esoterismo hindu, que se refere a uma condição de, praticamente, semi-deus, um avatar.

Mas continuando a nossa análise das conveniências do Rivas Neto.

Na mesma obra e edição supracitadas, em sua página 86, 3º parágrafo, temos o seguinte:

Há quem diga que a roupa, a comida, os axés, oa atabaques, as danças são do Candomblé. Concordamos... pois tudo o que foi citado realmente é do Candomblé. Mas quando dizem que isto tudo tambném existe na Umbanda ai se enganam, conforme já explicamos, iludidos que são por aqueles adeptos do Candomblé que, deixando seus antigos cultos, pretenderam, sem consegui-lo, praticar a pura e real Umbanda. Ignorantes completamente de seus fundamentos, como sempre estiveram, resolveram fazer uma "Umbanda" segundo as coisas que aprenderamem seus rituais de nação.

Mais adiante, completa:

(...) É, pois, nesses locais que vemos as "roupas de santo", as "comidas votivas", as matanças, as danças, os "toques de orixá" e até a saída dos orixás da camarinha ou roncó ou ainda barco, tal qual o Candomblé, mas dizendo ser Umbanda.

Esperamos ter deixado patente, de forma insofismável, que na verdadeira Umbanda inexiste qualquer desses "fundamentos".

Espantoso, não é mesmo?

Basta ver algumas fotos do Rivas Neto "incorporado" com o "caboclo" Urubatão da Guia para constatar o uso do cocar pelo mesmo. Os atabaques ressoam dentro do Templo da OICD, assim como convidados de uma gíra festiva à Oxossi ostentavam cocares, capacetes, espadas e tudo que outrora o Arapiaga (e o Astral Superior) condenava como "inútil", "fetichista" e não pertencentes à verdadeira Umbanda.

Será que, realmente, dá para acreditar que o Astral ensinava uma coisa como errada há apenas 11 anos e hoje é um "novo conceito", uma "nova verdade"tudo aquilo que antes era errado? Que "astral" confuso é este?

Não duvido que daqui a uns tempos veremos fotos de uma "saída de santo", com toda aquela produção de roupas, "plumas e paetês" própria de alguns Candomblés, dentro das dependências da OICD, assim como não me causaria espanto se a matança ritual já não tenha sido institucionalizada com uma desculpa esfarrapada qualquer de "novas verdades", "novos tempos".

Incrível como a "umbanda" pregada e praticada por Rivas Neto e os seus tem regredido ao invés de evoluído.

Estou muito curioso para ver algumas fotos de uma gíra de Exu feita por lá. Certamente, veremos Rivas Neto com uma capa preta e vermelha, cartola, tridente na mão e charutão na boca, no melhor estilo "exu" com ponto firmado no inferno.

Fico, sinceramente, aliviado que Rivas Neto e os seus já tenham declarado publicamente que não mais praticam a Umbanda Esotérica, caso contrário, Mestre Yapacani estaria se revirando na sepultura.

domingo, junho 01, 2008

Rito de Louvação ao Orixá Oxossi - FTU (Umbanda de Pão e Circo II)

Uma imagem fala mais do que mil palavras.

Quem se interessar, assista este video e folheia as obras de Rivas Neto, em especial "Lições Básicas de Umbanda", "Exu - O Grande Arcano" e a própria "Proto-síntese Cósmica".

Debate - "A Formação do Teólogo Umbandista"


Apenas para ilustrar a conveniência e hipocrisia de Rivas Neto e o pessoal da OICD, incluso os discípulos mais "chegados" do Arapiaga como o Araobatan, que sempre agem "faz o que eu mando e não olha o que eu faço".

Percebam que Araobatan fala sobre diferenças entre o discurso e a prática nos livros de Rubens Saraceni. Ou seja: Rubens Saraceni e os seus são contraditórios entre o discurso e a prática dos seus conceitos, mas quando Arapiaga pratica hoje coisas que no passados, expostas em suas obras como "absurdos" dentro da Umbanda, isto é "verdade relativa" do Astral.

Enfim, Rubens Saraceni é contraditório ao defender a codificação da Umbanda em seus livros, mas Arapiaga não é ao chamar o Catimbó, por exemplo, de antro de magia negra, Zé Pilitra de "pilantra", condenar práticas fetichistas, como o uso de cocares e atabaques, e atualmente abrir "mesa" de Catimbó na OICD e o "caboclo" Urubatão da Guia ficar por lá girando com um cocar na cabeça ao som de vários tambores.

Hipocrisia é mato.